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segunda-feira, 13 de outubro de 2025

Tropeçando

 






Ainda arrebatada pela opulência do sol
vou trpeçando nestas folhas de Outono que me dizem adeus.
São folhas demais em mais uma tarde no adeus de outro dia.
Os olhos arrastam-se com as folhas com fome de vida
e rolam com o arrepio cruel do vento, na boca aberta dos túneis,
nos aquedutos sombrios, no esgoto da  noite num redemoinho
cruel e selvagem num silêncio sem retorno.
 
Morrem nos meandros das feridas no desprezo do verde.
A nortada varre este castanho que esvoaça com gaivotas em desalinho.
Percorro a tempestade desvairada que arrasta inércias entregando-se
ao campo branco do mármore.
 
Tento decifrar o segredo da linguagem encarquilhada deste caudal
moribundo mas  oh, insignificância humana, deparo com a limitação da matéria
neste corpo que se transforma lentamente num bosque de musgo onde
começam a nascer líquenes de saudades.


Manuela Barroso
In "Poemas Oblíquos"



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