Como num voo assimétrico no sopé
que contorna o declive das escarpas,
vais percorrendo o instinto da maré
que penetra na areia como farpas.
descalço os pés brancos das ninfas belas
e na catedral da areia do chão
ergo os meus castelos, danço como elas
enquanto namoras a liberdade da ilusão
nas pegadas escritas na paisagem,
colho os beijos das conchas nas dunas.
no areal escreves sonhos que não vi
por ser longa a distância da memória
ao querer ainda me lembrar de ti.
Manuela Barroso, Antologia "Mar à Tona"