Rio Minho...duas Nações |
Era um azul de fim de tarde pálido cuja monotonia monocromática era cortada por pinceladas em labaredas laranja.
As andorinhas eram como vozes de crianças à solta, em danças provocadoramente arriscadas...
...Mas os olhos ficaram imóveis no rio onde se espelhava a luz que se ia despedindo do dia...
...E as árvores que contornavam o leito de paz, completavam este hino de harmonia e quietude...
Detive-me numa espécie de oração vespertina, ao contemplar belezas discretas que a fugacidade do tempo nos ajuda a ignorar...
...E, no coração do Minho, com o altar dos pinheirais que sobem os montes, o rio parou como que numa vénia perante uma espetadora rendida aos seus encantos!
Parei o tempo, sacudido por um vento norte atrevido, desnorteado pelo meu fascínio, que lhe roubava o seu protagonismo...
...E, à medida que a luz desaparecia, mais o rio pasmava nas suas águas mansas, contornadas pelas árvores, rendidas à pacatez deste espelho...
...E o rio ia escorregando, neste pedaço entre duas nações, como num êxtase de vibrações nos corações destes povos que dormem nas suas margens...
...É que neste recanto do mundo, a natureza ainda se funde com o amor!..
Já Vénus ia alta, acompanhada pelo quarto minguante...
...fechei a varanda desta Pousada...
... e arquivei memórias de beleza e de paz...
...na contemplação dos reflexos do Universo!..