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sábado, 14 de outubro de 2017

Em cada baga

.Vladimir K.

Em cada baga de azevinho, o contorno
do berço onde embalas recordações.
já não vives no peito das árvores
nem nas penas dos piscos.

tudo escorre no tempo sem luz,
só com o brilho do limo onde fecunda  
o sumo verde das correntes cristalinas.
abraças o amor da sombra que se foi

com o outono num último adeus ao sol .
mas tudo vibra na nudez que te cerca.
as nuvens encobrem os braços exaustos
da renda das árvores empalidecendo

o restolho musguento onde tudo dorme,
exceto os caracóis sonâmbulos,
invadindo o sono das folhas.
despertas da alucinação que enche

o teu peito de paz, para voltar à casa
onde te esperam outras alegrias,
nesta espécie de turbilhão  branco
em sossego, feito de harmonia.

( Reeditado)

Manuela Barroso, Eu Poético VII