Há-de ser em janeiro que eclodirão cristais
das bolsas da terra;
que nos olhos das fontes desaguará a luz coada
da ainda penumbrosa madrugada.
Há-de ser a Natureza, a musa do meu canto,
o bosque onde passeio
a perenidade deste encanto.
Há-de ser o silêncio, a asa deste voo líquido,
na altura que estremece,
a lonjura que não alcanço, e a paz me aquece.
Há-de ser o púrpura do sol-posto
onde se dilui a tempestade de estrelas ,
flores noturnas,
no seu manto .
Há-de ser o limite das palavras, o meu grito de liberdade
o meu tempo sem idade.
E será numa alvorada, ao despertar
que cantarei o meu hino de alegria
num louvor e vitória à vida
nesta forma de ser e estar.
Manuela Barroso