SEGUIDORES

sexta-feira, 15 de março de 2013

O Largo.


Seria um prazer ter a vossa companhia


 Mais pormenores no facebook
  

 Imagem da net

...Chão pelado de alegrias nas areias movediças nos passos das crianças.
Costas vergadas, doridas pelos campos pingando o verde semeado com
as nascentes de maio.
Os lábios abriam-se ao sol e ao sorriso das violetas e dos mantrastes ferti-
lizando infâncias na felicidade do bulício das vozes cristalinas no largo re-
dondo da curva da estrada.
Não imaginas a música distante das baladas inacabadas das crianças que
ainda ecoa no adro do tempo interrompendo memórias na saudade desta in-
fância distante!
Não ouço o ruído dos ponteiros do relógio do dia e da noite. Apenas a ausên-
cia do cristal nos olhos das águas que se perdiam nos regatos em movimento.
No terreno pelado nascem agora saudades nas ervas rasteiras com medo de
nascer.
Passeia agora um esquecimento vagabundo no vento que cobre os líquenes nos
muros desertos e solitários da curva mais larga.
Em que parte do espaço se guardam estes lábios verdes de alegria e mel?
Onde está o tempo anunciando novos anoiteceres e lamparinas que alumi-
am as noites?
Agora na curva da estrada abandonada fica a areia seca, infértil dormindo
na solidão do pó esperando novas sementes .
Da minha vidraça  mais baça, demoro a nostalgia que faz ninho nos galhos
do peito donde pendem os cachos pretos caindo dos olhos em lágrimas de uvas
no cálice verde de Baco.
Fotografo a saudade nos montes longos deitando-se preguiçosos no vale e no
fumo da tarde.
A janela fecha-se guardando retinas no baú do coração.
Eu voltei.
O tempo, não!

Manuela Barroso