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sexta-feira, 9 de maio de 2025

Na poeira

 


 


 
Na poeira lê-se o tempo que corre parado
na exatidão do espaço
que espera algures, em lugar nenhum.
A respiração atravessa as folhas e os pulmões das pedras
no musgo rarefeito.
Os raios aquecem os néctares que pernoitam nos lábios
de todas as paisagens.
A luminosidade vagueia plana no coração da Terra
anunciando a alegria de estrelas azuis.
Nos ninhos aquecidos de peitos maternos,
dormem ondas de amor nas marés do coração.

Porque não sorris com a translúcida cor dos olhos dos lírios?
Arruma as angústias,
sacode a poeira que embacia o teu Agora.
Há muito tempo que o sorriso é a muralha
que guarda a fortaleza no poema da tua alma.


Manuela Barroso
Imagem da Net

domingo, 4 de maio de 2025

Mãe-Rio de Afectos

                                                           Feliz Dia da Mãe!






Hoje acordou-me o rio de todos os afetos.

Espreguicei-me nos limos suaves,
numa placenta morna protegendo-me  dos ímpetos
do bico dos peixes no voo das águas

Toquei a minha pele, nas entranhas, onde
as sensações se disfarçam nos mistérios
da vida.
Memórias do inconsciente nas horas brancas
em que te embalava  no meu seio.
Permaneço ainda deslizando sombras maternais
no regaço que nunca arrefece

Tenta demolir as pedras do abrigo materno!
Jamais apagarás os alicerces da
cidade que mãe construiu em ti.

Tu, mãe,
fonte de todas as sedes, onde morrem todas
as ânsias e todas as saudades, que vozes te
segredam  a ausência de ti?
Que sangue perfuma a transparência da tua alma?
Que pedra constrói o monumento da tua coragem?

Tu, que és mãe,
semeia de branco as constelações  que fazes nascer
no perfume das velas, na constância  permanente                                     
do teu amor incondicional.                                                                     
Tudo  de ti vem, em ti nasce, afinal.

És tudo em todos
numa dimensão desigual



Manuela Barroso, in “Laços”-Dueto- Versbrava Editora