SEGUIDORES

quarta-feira, 12 de novembro de 2025

Escrevo-te

 


Christine Ellger




Escrevo-te  no sol desenrolando penachos de 
nuvens na bebedeira dos catos antes que morra 
no outeiro da tarde. Escrevo-te toardas sombrias, 
que correm entre mim e ti,  e  que tento em 
vão decifrar. Perdem-se nos confins, nos labirintos 
das memórias no grau zero da escada, ponto 
onde escuto o nada. Só ouço remansos, volto, 
escolho descansos, aninho-me no canto do 
meu lugar. Acorda-me uma gaivota. Afinal 
a luz existe. Porque não corres com ela? Sei.

És pássaro sem asas. Mas plana com teus braços 
feitos remos neste mar que é a estrada. O sol 
vai alto. Até ao sol- pôr vive cada minuto 
em desmedida cavalgada. Liberta te,solta-te 
já que a vida é só um salto.


Manuela Barroso