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sábado, 20 de junho de 2015

Infância


 Imagem da net
Recebo-te, minha infância na maresia dos pinheiros
com  suas folhas de agulhas, saudando o tempo de esperança
 nos fins de tarde soalheiros 

Ouço-te no estio agreste em silvos de angústia
 nos ouvidos secos dos vales, na música dos caminhos
nos ecos das madrugadas e na brancura dos linhos.

Ainda te vejo no cume da calçada
flores campestres
passeios de joaninhas e frutos silvestres

Os aromas,
ah, os aromas!
eram ausências de perfumes vadios,
presença da limpidez da primavera
recanto das raízes virgens no ventre impoluto da terra

Hoje
sou planeta, clarão sem luz que acoberta os dias que tateio
na fragilidade dos inocentes, pés acorrentados e nus

Manuela Barroso in "Laços"- Dueto, Ed. Versbrava