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quarta-feira, 24 de setembro de 2025

Outonocendo

 





Vão-se evaporando brandas claridades à sombra das rosas.
Soltam-se em auréolas ao ritmo cadenciadamente
sonolento dos perfumes pálidos deste barco a adormecer
a caminho do cais.
Torneio os fragmentos de nuvens e interrogo o porquê dos
seus contornos ambíguos e indistintos numa aguarela
timidamente abstrata, quase estática.

O sol filtra os braços que vão murchando
e a minha alma canta
acompanhando o bailado amarelado das folhas
que estreitando-se,
partilham o seu lento adormecer.

Na solidão das casas abandonadas,
os gorjeios dormem agora
nos sorrisos intensamente sentidos,
nos braços deste cansaço
outonal.
Adormecido.


Manuela Barroso