Se não te ouvisse
os corais não falavam das cores
que migram na tatuagem dos segredos
Se não te ouvisse
o nevoeiro não exalava a voz
no gemido da cegueira
dos rebentos por nascer.
Escutando,
falo com os corais que não vejo
e os segredos que esqueci.
Por entre a neblina
escuto o cheiro das roseiras
grávidas de flores e espinhos.
Agora
deixa-me escutar o cheiro das magnólias
no artificio das flores brancas
no bocejo da primavera.
texto-manuela barroso
arte-christian scholoe