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quarta-feira, 27 de julho de 2011

Noites


As palavras deitam-se ao ritmo das horas incertas dos espaços mentais…
Os números do tempo aquietam-se no sossego e tranquilidade da noite.
Ouve-se um sussurro quente que mexe a roupa nos estendais…
...o vulto de mim, aproxima-se da janela aberta que me abraça com a noite...
O ventinho morno convida para um “tête-à- tête”, na noite cálida.
Aceito.
O som continua cavo, vindo das profundezas do horizonte que já não lobrigo.
Tudo calmo...
Só um vento mensageiro de mistérios que se escondem nas esquinas esconsas da cidade...
A roupa continua a dançar no estendal, como num bailado de fantasmas…
…E o olhar perde-se por instantes, prendendo-se ao piar pegajoso das gaivotas...
Saboreio esta mensagem de ar,  com as cerejas de Maio…
...mistura de sabores que vagueiam no cérebro, onde dormem recordações…
…E a leitura da brisa começa a saber a arrepio, a saudades nocturnas…
Olhos que se deitaram no céu, perdiam-se agora em lembranças fugidias que o inconsciente teima em avivar…
Uma espécie de “déjà vu” retira-me da janela que agora fecho com a alma dos olhos e empurro com os olhos das mãos...
Recolho o silêncio da noite e deponho-o no meu leito…
…é com ele que me deito!

Manuela Barroso