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sábado, 10 de março de 2012

Entardece



 
Entardece a manhã
no segredo seco das nuvens.
Outrora,
foi dia onde os sonhos se arrastavam
vestidos de veludos e sedas
num corpo em oásis de lâmpadas azuis
e ninhos de primavera,
deitados nas madrugadas.
A poeira da tarde
sobe o chão
em agonias ondulantes,
vagabundeando
por entre as gargalhadas da brisa,
atravessando 
interstícios de silêncio.
Nas nuvens
passeiam os aromas quentes
das searas maduras,
devoradas sem angústia
pela faminta luz do sol.
Os olhos percorrem este a
ora silente
ora inquieto,
que paira agora no tempo,
sacudindo harpas de saudades,
num vendaval de cores crepusculares
que tocam frementes
o horizonte.
E uma cascata de música
varre a pele silenciosa,
oferecendo sorrisos,
estilhaçando pontes de solidão,
nas flores das horas cansadas.
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Manuela Barroso

Pintura: Fulvio De Marinis