Chamo-te no timbre dos ventos, no som
cavado das montanhas.
Respondem-me baladas de violinos no contrabaixo da serra.
Subo. Voo nas asas das aves emplumadas
de nuvens e arrasto o coro que sopra da terra
para os picos da serra.
Sou a gota sobrevoando os vales verdes, errante,
sou nascente e primavera, sou voz que treme na
harpa, ecoando no sibilar límpido dos regatos.
Chamo-te no cântico sereno das cores onde a música da vida se funde nos olhos das flores.
Rodeiam-me os anéis do tempo, num contínuo caminhar,
ora lento ora sonolento, mas insisto com a mão leve deste
sopro sedento.
É noite na minha aurora, quero esperar pelo sol,
derreter a minha neve
ser água correndo lá fora.
E chamar-te-ei na liberdade do vento
na quietude que demora.
Sou a prisão do meu peito
na voz muda do pensamento.
Manuela Barroso,in “ Luminescências “ Seda Editora
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