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domingo, 12 de junho de 2022

Não te peço

 





 
Não te peço que me escutes. A tua voz está 
na música que abriga a simetria do infinito. 
Explica-me, amado, o segredo da harmonia 
que se adentra no coração destes sons eflúvios  
que levam as penas da alma e abrem o sorriso 
das pupilas, num alerta que se rende ao encanto 
deste voo onde se reverencia  a ave que se esconde 
dentro de cada célula. 
Um voo que se eleva para além da física dos sons 
e semeia silêncios de lagos de longas horas.
 
Nada entendo, senão o êxtase de te ouvir 
no compasso flutuante das flautas e violinos
que me prendem a um espelho  que me ofusca,
me apaga. 
 
Basta - me o mistério deste grito interior, 
num misto de cumplicidade e alegria, 
dor e saudade  
que se exaltam neste incêndio de  magia 
como se não fora realidade.


Manuela Barroso , in "Luminescências"

 

 

 

 


10 comentários:

Roselia Bezerra disse...

Basta - me o mistério deste grito interior,
num misto de cumplicidade e alegria,
dor e saudade

Bom dia de Santo Antônio, querida amiga Manuela!
Nós poemas dos amigos, sempre encontro versos ou palavras que tocam meu ser.
Os versos acima são muito significativos para mim.
A primeira poesia que fiz na vida teve uma palavra muito intensa que apareceu aqui também: eflúvio.
Intitula-se Eflúvio do Santuário Interior.
Tem uma magia doce em seus poemas que fascinam. Seu mérito , poetisa humilde, é incontestável.
Tenha um feriado abençoado de paz!
Beijinhos com carinho de gratidão e estima

Graça Pires disse...

Não é só a música, não são só as palavras, mas o mistério desse grito interior, que torna este poema quase místico, quase espiritual e extremamente delicado... Tão belo!
Cuida-te bem, minha Amiga Manuela.
Uma boa semana.
Um beijo.

chica disse...

Linda demais e aplaudo a cada nova poesia as tuas inspirações!
Linda semana!
beijos, tudo de bom por aí!
chica

Toninho disse...

Há uma voz que grita, um olhar no espelho.
Uma inquietação que nos arrebata sentimentos ocultos e misteriosos.
Nada pode nos tirar este encontro dentro do silencio que grita.
Lindo poema amiga.
Feliz semana de poesia e magia.
Beijo de paz

A.S. disse...

Muito belo Manuela!
Os teus textos
são talhados com o fogo
tal como as plantas florescem
com o calor do sol.
Mas há palavras como rios
que desaguam na nascente!
Pássaros que voam docilmente
sob o perfil das silabas!
Eu, limito-me a guardar um suspiro
do escultor de tão deliciosas palavras...

Um beijinho.

Ana Freire disse...

E a saudade... à sua maneira... ainda continua a ser uma forma de presença... de quem não pode mais estar...
Um poema muito belo e introspectivo, Manuela... um belo sentir poético, que nos faz mergulhar dentro de nós mesmos!
Um beijinho! Continuação de uma boa semana!
Ana

MARILENE disse...

"Como se não fora realidade", uma colocação de grande beleza para o grito silencioso da alma frente aos sentimentos por você cantados. Lindo! Bjs.

Agostinho disse...

Vague_ando há muito, muito tempo aqui não pousava. E valeu a pena entrar no Azul. Fiquei agradado por este "Grito interior"
Rasga a alma até às entranhas,
emerge de o para o
instinto infinito sem
princípio nem fim
Que tamanho tem o amor?
Saúde e dias agradáveis, cara Amiga Manuela, neste tempo de incógnitas que nem os matemáticos sabem (de)terminar.
Bj.

Majo Dutra disse...

A maravilha de sentimentos, imagens e sensações de um mundo fantástico...
Muito belo, querida Manuela.

Em despedida, por um tempo, deixo-lhe um abraço da nossa boa amizade.
Dias estivais muito agradáveis.
~~~~~~

Manuel Veiga disse...

poema de uma sensualidaade delicada.
palavras que suavizam a vida e dão prazer quando lidads e ... sentidas

Beijos