Escrevo a tua imagem na fantasia
dos meus dias.
As minhas mãos são agora o cinzel
que contorna o barro para esculpir o teu corpo.
Arredondo as formas,
aperfeiçoo os traços,
escrevo as feições do
teu rosto.
Quero delinear a tua boca, dar voz
aos teus lábios e fico presa à imobilidade,
incapaz de dar vida ao teu sorriso.
Sorrio na esperança de ultrapassar o meu limite.
Em vão.
Recorto os teus olhos,
levanto-lhe as pálpebras imaginando o teu olhar.
Mas é longínquo, distante,
inexpressivo, impessoal.
Não consegui transmitir vida, não consegui ler o
amor,
no amor de esculpir-te.
Desiludida, senti a insignificância
na insuficiência e incapacidade de dar-te vida.
Desenhei-te uma túnica, vesti o teu corpo com o
meu olhar
e guardei a estátua de ti na distância das
minhas memórias.
Ficaste no tempo, na espuma de uma história.
Manuela Barroso
(Todos os direitos reservados )
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