Sopra agudo
um vento de leste.
Saltam as agulhas acesas
dos pinheiros mansos
costurando a música dos pardais e das gaivotas.
Correm cordeiros no mar ,
na lã branca de espuma.
No convés da erva orvalhada,
foguetes de pegas azuis,
coloridas,
alegres,
sadias.
Atormentam-se as nuvens.
Algures,
o porão da inconsciência dos homens,
cospe foguetes de gás
fundindo-se
com os escombros acesos do silêncio.
Pétalas
caem nos braços exauridos,
já murchas,
sem cor,
sem espaço,
sem vida.
Onde já não existem pegas azuis.
manuela barroso
Imagem-Internet
3 comentários:
Boa noite de paz, querida amiga Manuela!
Um poema muito lindo.
"Os escombros acesos do silêncio."
Um verso que me encantou ler e sentir.
Tenha um setembro abençoado!
Beijinhos fraternos
Um vento de leste a atormentar os pássaros, as nuvens e a consciência dos homens que não sabem que entre os escombros do silêncio fica para sempre a memória daqueles que morreram sem saber por que razão. Fiquei a pensar nestas tuas palavras, minha Amiga Manuela porque dizem muito mais do que aqui expressas.
Tudo de bom para ti.
Sente o meu abraço.
"Nós somos os flagelados do vento leste
A nosso favor não houve campanhas de solidariedade
não se abriram os lares para nos abrigar
e não houve braços estendidos fraternamente para nós
..." Assim diz Ovídio Martins.
E por esse mundo fora há povos que lutam no dia a
dia por um pedaço de pão ou um tecto.
O seu poema veio trazer-me essas reflexões, tão sensível
e humano ele aqui me chegou.
Tenha uma boa semana, minha amiga.
Beijinhos
Olinda
Somos os flagelados do Vento-Leste!
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