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sábado, 14 de janeiro de 2023

Neve e Frio

 


 Branco e frio.

A água dança agora no céu metálico, arrastando o seu vestido branco pelo chão das árvores num noivado colectivo. Ora envoltas em longos mantos cuspindo reflexos de cristais, ora cingidas em flocos deixando antecipar formas concupiscentes em vestidos longitudinais.
E nesta serenidade branca, todas as oscilações da Natureza são aceites com a mesma brandura.
Dançam com o vento, choram com a chuva, e abrem os braços com o sol.
E tu? E eu?
Nós somos um capricho!
Somos o frio, o calor, o mau humor...
Não sabemos sorrir para a vida, mesmo quando o sol fica no limite do nosso olhar.
Quando a noite se deita gélida no teu corpo que não aquece.
Quando os pés entorpecidos esquecem que o frio não visita só as mãos pensantes e a alma em silêncio...porque tu és um todo como o todo das partículas da neve!
E ignoras o calor que nasce dentro de ti e que é a fogueira que te aquece e te prepara para esta hibernação contrariada...

(continua)

Manuela Barroso 

(Banalidades...)

9 comentários:

Roselia Bezerra disse...

Olá, querida amiga Manuela!
Um texto poético contendo verdades incontestáveis.
Somos sim um capricho, muitas vezes...
Não sabemos sorrir ante as belezas da Criação, certamente.
Cada palavra tão bem colocada que deixa um gostinho do que virá...
Tenha uma nova semana abençoada!
Beijinhos

Olinda Melo disse...

Poesia, texto poético, que fala da vida e dos
seus desencontros. Nem sempre vamos ao encontro
do que nos rodeia. Complexos que somos, complicamos
as coisas e a nossa existência ressente-se com
as nossas más escolhas, por vezes.

Bom domingo, querida Manuela.
Beijinhos
Olinda

A Paixão da Isa disse...

um lindo e feliz domingo bjs saude

Graça Pires disse...

Nesta serenidade branca e fria onde a água dança com o vento e chora com a chuva, nós desejamos que o sol fique, pelo menos, no limite do nosso olhar para podermos participar da beleza que nos é oferecida e, sem caprichos, aceitarmos que o calor nasce dentro de nós para que o coração resista à vida tantas vezes contrariada. Banalidades, minha Amiga? Este é mais um poema cheio de beleza e emoção.
Tudo de bom para ti.
Uma boa semana.
Um beijo.

A Paixão da Isa disse...

aqui hoje choveu agoras as 15h04 esta sol nao da para compriender bjs feliz terça feira saude

A Nossa Travessa disse...

Querida Manuelamiga
Somos uns eternos insatisfeitos. Se chove é porque… chove; se neva é porque… neva; se faz calor é porque… faz calor! Se algum dia estivermos satisfeitos algo está mal, algo não nos corre bem, algo que procuramos debalde e não conseguimos lobrigar par nosso sossego?
A busca da felicidade que nós perseguimos sem saber onde a podemos encontrar é o paradoxo mais enigmático da vida que enfrentamos quotidianamente. Se desfalecemos – ai de nós, quantas vezes isso acontece – abdicamos da nossa condição humana e voltamos ao Neolítico, caçadores por necessidade, matadores de esperanças animais, brandindo o sílex.
Beijos & queijos
Henrique
NB – Há quanto tempo não visitas A NOSSA TRAVESSA?

.dealer disse...

Sois o fri o calor e o mu humor !!! ??? Abraço

Majo Dutra disse...

Mais um 'post' excelente e de bom gosto...
Está muito frio, mesmo aqui onde não neva!...
Um fim de semana aconchegante e feliz.
Beijinho, querida Poetisa.
~~~~

Ana Freire disse...

Mais uma publicação notável, que tão bem conjuga estados de tempo e estados de alma... Hibernação contrariada... em relação à vida... depois de uma pandemia, todos os condicionalismos globais de uma gélida economia... forçam-nos mesmo à continuação de uma hibernação contrariada... Um poema super actual, Manuela!
Um beijinho
Ana