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sábado, 4 de setembro de 2010

BANALIDADES




E de que é composto o nosso dia-a-dia senão de banalidades?
E o bizarro desta questão é que há banalidades para todos os gostos de todos os géneros e feitios!
E o que é banal para um ,poderá não sê-lo para o outro...
Num dia soalheiro e ainda luminoso de setembro atravessei o jardim debaixo de uma cobertura densa de acácias que convidava à leitura serena de um livro ou ao simples "pasmar" de um olhar inquietante no Além. O Além tem muitas leituras...
Não é um dos lugares mais aprazíveis mas o docel que rodeia o jardim envolve-nos mais com a natureza!

...então lá fui ao senhor que pôe as capas nos meus sapatos há trinta anos...
Com a delicadeza com que trato qualquer Pessoa, sem distinção de classes sociais, perguntei como foram as férias...
...que não teve férias
...que nunca teve férias...que nunca saía da loja
...Que nunca viaja
...que não gosta de viajar
...que gosta do barulho da rua
...do barulho das máquinas na sua oficina
...tanto...
....que às vezes as pôe a trabalhar , só para ouvir o...ruído que elas lhe proporcionam...
...Abri ainda mais os olhos, não os ouvidos...Para "ver"se brincava! Não!
Volto a atravessar o jardim, desta vez com um sorriso contido nos lábios...

Já não me revia nas árvores, nem na sombra, nem nos bancos...

Comigo acompanhava-me aquele som monocórdico e ensurdecedor que para ele era a sua música!Uma música sem timbres que nos provocam arrepios de alma , com a beleza da alternância de sons, que nos eleva o espírito para o mundo astral infinito! Mas a música dele fora feita toda a vida dum ronronar contínuo e quase insuportável das correias que contornavam as máquinas a uma velocidade vertiginosa..

...e a vida ensina-nos que a beleza pode ter muitas leituras e que tudo o que ela encerra pode sempre e em qualquer lugar ser a felicidade escondida...

Sonha-se com viagens de sonho, sonha-se com o silêncio das montanhas, sonha-se com a fuga ao quotidiano...Mas a felicidade mora mesmo dentro de nós , feita de pedaços de circunstâncias, e fragmentos de sonho..
...voltei a pensar e a sorrir...
...mas valerá a pena falar deste tipo de felicidade?
Não é concerteza a felicidade a que aspira todo o mundo...
...basta que seja a felicidade dele...
E é preciso tão pouco para ser feliz!
Feliz! Mas o que ser feliz?
...É o momento em que nos sentimos bem connosco ,com o Universo e com os outros....
...É o momento em que o barulho do próximo não nos incomoda...
...É o momento em que ao olharmos o Céu, sentimos um pouco de azul dentro de nós!...

...Tão pouco e tão fácil!














terça-feira, 31 de agosto de 2010

SINESTESIAS DE OUTONO


Os corpos ainda guardam memórias dos dias quentes e límpidos do Verão!O dia convida a uma ida furtiva à praia que convida ao relaxe e despreendimento. A liberdade é intrínseca ao ser Humano. E a toda a vida que pulula na Terra!
Só que o Homem não pode ser tão livre assim...Tem deveres...
...mas eis que as núvens tecem-se com os seus caprichos - quem não perdeu horas a olhar imagens brancas deambulando pelos céus?... - e o dia cansa-se do sol e procura refrescar-se...
E as núvens ameaçam, e a brisa puxa o calor húmido...
Em breve, a electricidade começa a falar e ecoa um trovão.
Começam a cair pingas grossas avisando que o fim do verão se aproxima. E começa a sentir-se aquele cheiro inconfundível a terra molhada, ainda aberta com os sulcos de um calor tórrido como que a pedir clemência por um pouco de água! Mas ninguém vê os sulcos. Vêem as flores e a relva molhada. E a terra fica eternamente à espera destas gotas de chuva porque só a Natureza a compreende!
E o ar quente convida a passear "o bronze", porque tem que valer a pena o sacrifício de ser sardão...
E as pessoas passam indiferentes a estas pingas, correndo sempre para ver se ainda apanham o verão...
E o Outono vem pé ante pé numa calma estranha em cumplicidade com a sua nostalgia!
E faz-se sentir pelas tardes inegualáveis dum misticismo único. Pelas manhãs calmas num acordar doce. Pelas noites cálidas que nos convida a uma indolência...feliz
E tudo tem o seu encanto.

Porque fim...é renovação!