O céu metálico sobrevoa, esta floresta
de cabelos humanos, invadidos por rajadas de
medos, emparedando-os na angústia do
abandono e desencanto,
como berlindes ansiosos, em declives
verticais, em voos picados
e pesados de encontro ao
abismo.
A solidão gela a amargura das horas com
sede de vingança.
E crepita a ânsia de liberdade pela
Dignidade e Igualdade Humanas.
Uma estranha prisão com grades frias,
intransponíveis, feita de injustiças, ódios e metal.
A dignidade sufoca esta espuma de
solidão, numa angústia asfixiante,
infligida por carrascos impunes que
anulam sonhos e gritos de esperança...
A impunidade esmaga a esperança de
justiça numa cortina opaca, provocando
arrepios de indignação.
É neste lar terreno que o espectro da
loucura humana
ganha contornos de vórtice tenebroso,
mutilando mocidades ainda por nascer.
E a dor da indignação bate surda no
olhar de peitos magoados, numa
amargura incontida, que acordará nas brasas das
consciências abandonadas,
feitas vulcões,
cujas crateras vomitarão
lavas incandescentes de libertação.
E das cinzas, nascerá de novo
uma outra condição.
Manuela Barroso