Na casa do silêncio deita-se a cambraia da Paz.
E na paz do silêncio ouve-se o que não se quer ouvir.E o coração fala, o peito aperta-se e o pensamento inquieto esgueira-se, como que empurrado pela voz calada da canção deste sino interior.
É no silêncio que se ama.
É no silêncio que as palavras encontram o eco do ruído do coração.
E no silêncio, a imaginação vagueia, transformando um punhado de terra numa gigantesca montanha. Uma inocente faísca, num clarão ensurdecedor, ou num descontrolado incêndio.
E o Silêncio é a presença que controla o carrossel das danças vibrantes da imaginação.
E ela, sem eco, cai de novo no silêncio e cansada, mergulha no berço da paz.
É no silêncio que se ouve o ruído das águas paradas.
O Silêncio é a voz que dá voz.
O Silêncio sou eu. O Silêncio é a voz que ecoa no peito da noite do meu dia.
É onde me encontro.
É onde me deito.
É onde penso, me reconforto.
É a paz dentro do bulício da minha mente.
O Silêncio é o Nada onde o Tudo pode existir.
É a passagem para o eternamente puro estado de Quietude e Iluminação.
É no silêncio que me leio, me domino, me arrependo, me ilumino.
Onde, ouço a música dos meus segredos errantes que vagabundeiam pelos meus telhados de agonia e onde marco meu encontro com a Alegria faminta da Paz e Harmonia interiores.
É o tempo que se encontra no Templo da aquietação, onde o Sossego se deita no regaço secreto e acolhedor da nossa paz interior.
É onde escuto meus desejos cansados, que se cruzam com as brumas vazias em saudades vagabundas e que dormem incógnitas nos gemidos do inconsciente.
Uma alegria com sentido, tão cara e consentida pela minha Voz!
Só.
Assim.
Manuela Barroso