Ainda
permanece ali aquele corpo desnudado
no abandono do
frio
a seiva foi
morrer nas entranhas da terra e deixou-te
numa aparente
inércia
sem portas
para me
acolher quando eu regressar
não choras
porque as nuvens choram por ti
nas lágrimas
doces da chuva
não danças com
o vento
que te despiu
despojando-te
dos brincos da tua graça
mas
deixas tecer-te
de bordados de musgo e líquenes
que te abraçam
nos anoiteceres
solitários
não soluças
porque é
desmedida a aceitação do teu destino
pregada ao
chão
és a estátua
viva
onde nada
interrompe o sorriso
que cinzela a
tua escultura
e não perdes a
memória dos teus anéis
que se
escrevem
no teu corpo
mais belo e
assombroso
em cada
relâmpago de tempo
és o desafio
na demolição
da idade
quanto mais te
abandonas
e moldas
aos caprichos
da Natureza
mais confundes
a noção de eternidade
Manuela Barroso
Imagens: Net
pregada ao chão
és a estátua viva
Manuela Barroso
Imagens: Net
és a estátua viva
onde nada interrompe o sorriso
que cinzela a tua escultura
a seiva foi morrer nas entranhas da terra e deixou-te
numa aparente inércia
sem portas
para me acolher quando eu regressar
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