Longas penas atravessam o cálice da tua noite.
Os clarões abrem-se em raios luminosos, indiferentes
a tempestades. Vacilas na fragilidade do teu corpo
na prisão de devaneios, quimeras.
O teu mundo definha numa poeira constante,
mas a vida é floresta tua, ardendo em cada instante.
Intriga-te o baloiço das ideias, não te
conformas com o barulho das marés.
O silêncio percorre-te as veias
e a paz está no que pensas que és.
Acomodas-te ao vício do vento que te vende
o valor do vazio no infinito de ti.
Mas não ao fogo-fátuo, tragando de uma só vez,
a vida que carbonizas em vertiginosa rapidez.
És a essência da verdade que se esconde no escuro
e o muro do tempo que se perdeu no futuro.
Te direi que
impávida com o tempo,
serei a árvore plantada, à tua espera,
aguardando, paciente, a seiva da alegria
em cada folha de primavera.