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domingo, 14 de dezembro de 2014

Num dia de Inverno


 

 
O rosto do sol refletia-se no imenso oceano de luz, liquefeita na espuma das ondas rebeldes.
Tentava pousar o pensamento, aquietando-me nesta varanda donde tudo se expandia: terra e mar, deleite e beleza, serenidade e meditação.
Contudo, algo perturbava esta paz que queria desesperadamente agarrar como se fosse o único momento de deleite da vida, nestes minutos que o sol aquecia.
Queria agarrar todas as palavras que devolvessem a minha incapacidade de comunicar toda a paixão e envolvência. Uma espécie de luta entre o Eu e o pensamento, entre o espírito e a fragilidade humana, de um cérebro pequeno demais para tão grande exacerbação.
Parava e olhava o limite do horizonte, o fulgor deste prateado aquoso e a alegria sorridente do meu sol.
E a cortina longa pendurada no vento, dançava com a música dos meus olhos e o ritmo surdo, ruidoso e atrevido das ondas longas e gigantes do mar da Ericeira
Mais um olhar e perdia-me neste vai-e-vem deliciosamente inquietante, donde me ausentava e perdia por segundos como se fosse uma miragem.
Deixei o sol, a caminho dos subúrbios do poente, enquanto a vidraça aquecia a mão fria do inverno.
Eu, fechei os meus dedos, apertando as palavras, onde também batia o coração.
Nele sentia agora também a repercussão das cintilações e do bailado do Universo.
 
Manuela Barroso
     Dez. 2014