A terra ainda não acordou do seu longo pousio...
O sol aquece-lhe as entranhas preparando-a para mais um êxtase à vida....
...E Junho desperta essa sensação de plenitude, numa comunhão entre o homem e o planeta.
...E o tempo atravessa memórias escondidas neste iceberg inconsciente onde se fecham imagens sinestésicas do tempo que foi...
Deixo fluir esta sensação estranha e distante onde se cruzam vozes do arado e cor e ritmos e cheiros a erva moída pela máquina artesanal que vai rasgando a terra com a ajuda da força hercúlea e penosa de bestas , numa batalha entre o Homem, as suas sinergias e o solo ...
O chão verde do campo anoiteceu com a terra revolvida, escurecida pelo húmus, agora preparada como ventre de vida...
...Enquanto o sol vai queimando corpos, a luz penetra a terra , num despertar das sementes adormecidas, para mais uma festa da Natureza...
...E estalam as cores em pétalas de fogo, explodindo o pólen num abraço sensualmente discreto...
E o tempo flui tão mansamente
Que de repente
Sou outro Junho...