Na
subtileza enigmática dos dias pardos chovem saudades
Na sombra me deito.
Na paisagem do sorriso discreto
murcham as flores no exílio deste cais
num abandono secreto.
Sou o gesto
indefinido e adiado no horizonte da bruma.
Sou a nuvem da emoção onde albergo esta paisagem de algodão,
neste mote de saudade em espuma.
Cansam-me as sombras que se enrolam
e colam ao meu corpo.
Acende-se a luz que entristece e perturba
o meu sossego e ilusão oprimindo o silêncio
nesta absurda inquietação.
Passeio-me em fragmentos de saudades
penumbras e clarões de alegria,
nesta poeira tão incerta, fugidia.
Nos lábios da manhã faço sorrir os olhos
nos espinhos agrestes da rua.
Acompanho o rio de luz no espaço do meu dia.
Desaparecem os oásis indistintos de sonhos
e um rebanho de solidões principia.
Manuela Barroso