sábado, 8 de janeiro de 2022

Na Subtileza

 



 

Na subtileza enigmática dos dias pardos chovem saudades 
Na sombra me deito.
Na paisagem do sorriso discreto
murcham as flores no exílio deste cais
num abandono secreto.
 

Sou o gesto indefinido e adiado no horizonte da bruma.
Sou a nuvem da emoção onde albergo esta paisagem de algodão,
neste mote de saudade em espuma.
 
Cansam-me as sombras que se enrolam 
e colam ao meu corpo.
Acende-se a luz que entristece e perturba 
o meu sossego e ilusão oprimindo o silêncio
nesta absurda inquietação.
 
Passeio-me em fragmentos de saudades
penumbras e clarões de alegria,
nesta poeira tão incerta, fugidia.
 
Nos lábios da manhã faço sorrir os olhos 
nos espinhos agrestes da rua.
Acompanho o rio de luz no espaço do meu dia.
Desaparecem os oásis indistintos de sonhos
e um rebanho de solidões principia.


Manuela Barroso