sábado, 8 de janeiro de 2022

Na Subtileza

 



 

Na subtileza enigmática dos dias pardos chovem saudades 
Na sombra me deito.
Na paisagem do sorriso discreto
murcham as flores no exílio deste cais
num abandono secreto.
 

Sou o gesto indefinido e adiado no horizonte da bruma.
Sou a nuvem da emoção onde albergo esta paisagem de algodão,
neste mote de saudade em espuma.
 
Cansam-me as sombras que se enrolam 
e colam ao meu corpo.
Acende-se a luz que entristece e perturba 
o meu sossego e ilusão oprimindo o silêncio
nesta absurda inquietação.
 
Passeio-me em fragmentos de saudades
penumbras e clarões de alegria,
nesta poeira tão incerta, fugidia.
 
Nos lábios da manhã faço sorrir os olhos 
nos espinhos agrestes da rua.
Acompanho o rio de luz no espaço do meu dia.
Desaparecem os oásis indistintos de sonhos
e um rebanho de solidões principia.


Manuela Barroso

 

 

 



15 comentários:

  1. Parabéns pelo poema. Lindo e sensível.
    Bjs, Marli

    ResponderEliminar
  2. murcham as flores no exílio deste cais
    num abandono secreto.

    Olá, querida amiga Manuela!
    Que tenha fim os rebanhos de solidões!
    Quando olhar a espuma, vou me livrar do verso:
    neste mote de saudade em espuma.

    Tenha um novo ano especial, com saúde e paz junto aos seus amados!
    Beijinhos carinhosos ��

    ResponderEliminar
  3. Vou pela paisagem do sorriso discreto à tua procura. Sem palavras solitárias. Sem pensamentos tristes. Sem sombras. Apenas quero ver sorrir os teus olhos nos lábios da manhã.
    Muita saúde, minha Amiga.
    Um beijo.

    ResponderEliminar
  4. Um belíssimo poema.
    Abraço, saúde e um ano 2022 com muita saúde e alegria.

    ResponderEliminar
  5. Tão linda tua poesia,Manuela! Que a nossa semana seja assim também! bjs, chica

    ResponderEliminar
  6. Olá Manuela hoje encontrei-te passeando em fragmentos de Saudade penumbras e clarões de alegria Muito sentido e maravilhoso este Poema

    ResponderEliminar
  7. Poema de inquietação permanente, em que a solidão da poeta só é atenuada pelo sorriso dos olhos nos lábios da nascente aurora.
    Abraço amigo.
    Juvenal Nunes

    ResponderEliminar
  8. As saudades por vezes apertam o coração e ensombram a alma.
    Um poema sublime.
    Beijinhos

    ResponderEliminar
  9. Boa tarde Manuela,
    Um poema muito belo!
    O tempo que se esvai e nos deixa na boca o sabor amargo da solidão e da finitude.
    Beijinhos e bom fim de semana.
    Ailime

    ResponderEliminar
  10. " As saudades chovem " de todo o lado e todos os dias, especialmente agora, nestes tempos inquietos; saudades de encontros onde o abraço era dado como apreço pela amizade, pelo pesar de uma dor, como alegria por um sucesso, por gratidão, por despedida, por um esperado regresso. Um sorriso surge sempre a cada amanhecer de sol, ao abrirmos as janelas de par em par, mas não tarda a que o frio se entranhe em nós e comecemos a pensar em outros tempos já vividos, em seres muito queridos já desaparecidos e naqueles que ainda cá , aos poucos vão morrendo de saudades dos tempos em que a solidão lhes era completamente desconhecida. Diz-se que é bom sentir saudades, mas...depende da saudade; saudade e solidão não creio que combinem, querida Amiga. É bom ter alguém com quem compartilhemos a saudade. Beijinhos, querida Amiga e desculpa a ausência; tenho uma sapequinha que, por causa de uma febrita, ( nada de grave )tem ocupado a vovó que se delicia com ela, apesar de tudo. Talvez por me fazer ter saudades do tempo em que mãe e tio eram da idade dela. Espero que por aí esteja tudo bem e não haja febres a atrapalhar
    Emilia 🙏 🌻

    ResponderEliminar
  11. Uma belíssima inspiração, que não poderia traduzir melhor, o espírito destes dias de agora... com todas as suas limitações e inquietações... também mais curtos de Inverno... com um frio que se sente ainda mais por dentro, do que por fora...
    Brilhante descrição, Manuela! Beijinho
    Ana

    ResponderEliminar
  12. Saudade que faz poema, saudade que faz viajar por campos floridos, por beira mar aos sabor da brisa.
    Saudade de pisar em folhas secas no crepitar que é música aos ouvidos.
    Lindo e elegante poetizar Manuela.
    Beijo

    ResponderEliminar