Vladimir Kush |
Adormeço entre a folha e o
tronco rugoso,
numa sonolência confusa
onde o rumor de uma sombra
absurda e imperceptível,
se levanta com o pensamento do vento.
se levanta com o pensamento do vento.
Ouço a lembrança das horas líquidas, suaves e longas ,
estendidas no arvoredo da colina densa,
na saudade plangente do sino perdido na Torre imensa.
Ouço o abandono do silêncio vazio
na escuridão surda da Noite
que cresce com o abandono alheado da lua,
na cegueira das nuvens revoltas
desenhadas na terra nua.
Ouço os sons longínquos que dormem,
nos fumos crescentes
do inconsciente.
Ouço vozes plangentes de água
que florescem em cataratas luminosas,
na penumbra silenciosa da saudade.
Ouço vozes plangentes de água
que florescem em cataratas luminosas,
na penumbra silenciosa da saudade.
E o sussurro penetra o jardim
com a música das flores
em sonhos de primavera,
em sonhos de primavera,
grávidos de esperança e de mim.
Os zumbidos das hélices de insetos
entardecem a solidão no sopro impercetível
do baile suave
das borboletas.
Estranho som neste silêncio,
Estranho som neste silêncio,
estranha ilusão
que desce
que dorme em flores
na minha mão.
que desce
que dorme em flores
na minha mão.
No horizonte deita-se o fim do dia,
com a canção da torre, morna saudação a Maria.
As badaladas diluídas do sino,
são hoje as recordações perfumadas da minha noite.
Sinfonia do Universo
tocada na catedral de mim, como um Hino.
Manuela Barroso , 2011
Manuela Barroso , 2011