Ouve,
não te ouço.
A
vidraça que me cerca esconde a voz cadenciada
das
ondas desgrenhadas, penteando-se nos rochedos
em
cabelos desfiados, enfeitados de búzios numa sedução
feiticeira
.
Um
fio longínquo define os limites deste espelho inacabado,
Sem
os traços do teu rosto.
Procuro
no sargaço as avencas da praia, nos gritos de fome
do
verde.
No
bosque das ondas, levantam-se árvores de espuma nos
uivos
dos canais de vento. O murmúrio longínquo desta agitação
tão
inquieta ,estremece o canavial do pensamento numa confusa
maré
cheia.
Quero
o ciciar das agulhas nas dunas e aí fazer o meu ninho
no
silêncio morno da areia.
E
florescerão das brancas plantas dos corais,
a
sede do beijo na lentidão do adeus,
no
longo abraço do cais.
Manuela Barroso