"Não voltes ao mesmo sítio onde já foste feliz."
Mas voltei.
E o tempo é o venerável mestre! Dá. Tira. Cura!... Tudo num círculo vicioso, que se torna viciante.
Com a dança da Vida,o inconsciente adapta-se espontâneamente aos tempos...e tempo!E é a impermanência do Tempo que nos torna sábios e coerentes com o nosso Eu, porque na enxurrada da vida não podemos sucumbir facilmente aos naufrágios que a violência do tempo nos impõe.
...E, onde ontem vi o sol meigo e amante, onde senti o ar reconfortante, aconchegante a afagar a minha pele, onde confundi as gaivotas com as rochas vestidas de iguais penas...hoje tudo estava em sobressalto com a força da natureza.
Resguardada pela enorme vidraça que me separava do mar, penetrei no horizonte. Tinha um semblante sombrio e triste deixando trespassar o seu mau humor.
As núvens corriam apressadas, escorraçadas pelo vento que se infiltrava nos nichos, deixando um assobio arrepiante...O mar, onde antes mergulhara o meu olhar, lavando os meus pensamentos, batia agora com raiva indignado com a força da maré! E a espuma subia, raivosa,
quase até à vidraça e juntava-se-lhe a chuva que escorria e pingava em lágrimas como num choro convulsivo...
...E olhava...pensava, meditando neste tempo, naquele tempo,nos tempos...
Despertei deste torpor meditativo e voltei ao Agora.
O tempo muda, os tempos mudam...
As coisas mudam, as pessoas mudam...Mas não quero mudar a não ser no que não posso controlar. A minha essência é e será imutável
Porque sou.
Não sou tempo
Sou para além do Tempo!
E
Quero albergar em mim, não o tempo dos vendavais, mas o tempo da paz, da quietude, da mansidão, da bonança.
Queria ser uma luz que não se apagasse com o vento
Uma luz suave presente na escuridão.