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segunda-feira, 14 de abril de 2025

Semana Santa- Meu tempo de Páscoa

 

  Queridos Amigos e Amigas, ultimamente o meu percurso, foi um pouco atribulado. Daí a minha ausência sem ser programada. Abraço.



 

 

Os campos longínquos e verdes eram barcos no mar do meu pensamento.
Os olhos ausentavam-se nas encostas risonhas dos meus montes com rugas em regatos cantantes e alegres, fugindo ao encontro dos botões das giestas e aromas de rosmaninhos.

Nos cabelos atrevidos e esvoaçantes dos choupos, penduravam-se rouxinóis vestindo penas de primaveras meninas, em êxtases de cantos embriagantes, repercutindo-se em ecos nos montes de nuvens dispersas no azul sereno e transparente do Vazio celeste.
O vento indeciso, leve, era a vibração que acordava esta alegria interior, num lago de anónimas águas, num mutismo contemplativo.
Pensamentos mergulhavam de encontro aos seixos redondos em amêndoas coloridas.

Neste espelho mudo, as recordações aninhavam-se nos ovos de tingidos e penachos amarelos em jardins de Páscoa e começavam a sorrir embaladas no sono da saudade.
O canto do rouxinol ondulava nas curvas do pensamento, percorrendo agora a paisagem colorida das glicínias, numa canção enternecedora e tranquila, escrita em memórias de sinos pascais.

E como uma nuvem, deixei-me envolver nesta melodia, flutuando nas recordações que se teciam também na saudade dos meus vestidos rodados de crepe e laços de seda.
Uma imagem se criava em mim, recordando a Vida na morte do Filho do Homem.
Na cortina do tempo, abro hoje a janela, sorvendo a Páscoa do meu dia, na Paz que se faz em mim.
Em alegria.
Assim.


Manuela Barroso