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sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Minha Pátria!



Oh minha Pátria,              
meu berço
onde a esperança morre na saudade,
meu poema naufragado na indiferença
precipício ignorante
abismo de pobreza
eco morto no clamor da desigualdade
ferro e absinto
grilhões e privações dos famintos!
De que matéria é feita o teu fado?
De que bronze é esculpido o teu destino?
Acenda-se o archote
na bandeira do teu reino
e que as árvores falem de ti
no sangue da seiva,
no desespero da medula do grito.
É de sal o pão
e de pedra o coração
entorpecido no espelho de miséria
nas ruínas contorcidas.
Sufocaram-te
e vestiram de chumbo os teus filhos.
A chuva corre nos olhos desvairados
sem cais nem abrigo
dormindo no lodo apodrecido.

 A noite despertará
da letargia deste breu negro,
da esperança incerta, vadia.
Desta amálgama lamacenta,
na brancura de outras madrugadas
bambus impenetráveis despontarão
da aurora.
Se debruçarão
sobre silêncios ruidosos
de rosas vermelhas
que no chão
não cairão!

Manuela Barroso
 
 

sábado, 1 de setembro de 2012

O Tempo



O meu abraço de Boas Vindas!


 O tempo atravessa as horas que morrem com o sol
e deixo florir em mim pensamentos
nos  sorrisos hibernados dos rebentos.
Flutuo com as nuvens
ao ritmo das marés da leve aragem  
que abraça o meu cabelo
na corrida da passagem.
Escrevo-me com as cores etéreas deste pôr de sol morno
e deixo de me pertencer.
Sou agora a ânfora onde guardo a gravura amanhecida
acabada de nascer.
As tessituras do Universo definem as penumbras
deste cortejo indefinido
só audível na memória do
silêncio que eu sou.
Deixo-me viajar nas cordas
desta sirénica melodia
na indecisão de permanecer no oásis do meu sonho
nesta terna sinfonia.
Olho a Ogiva Azul
sem medos
e num assomo de cruel saudade
decido vestir de esmeraldas
os meus dedos.

Manuela Barroso
Tela:  R.Garassuta