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quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Simplicidades


Um vento mensageiro teimava virar a página do meu best-seller.
Parei.
Como uma objetiva de longo alcance, percorri o olhar do alto do declive, donde saboreava o mar completamente prata, completamente Agosto completamente agora...
Pensei nas coisas boas da vida.
Tempo solto. Tempo livre. Tempo indefinido...
 ...até no canto longo, longo das cigarras, disfarçadas nos troncos secos dos pinheirais...
...e plantei-me na relva verde, enfeitada de fagulha seca... agulhas bordando a castanho a monótona mas calma cama do verde que se espraiava até à vegetação rasteira que corre para o mar, perdendo-se no horizonte baixo dos montes...
Enquanto o vento sorria, fechava os olhos ouvindo a orquestra de cigarras que aumentava o “laissez-passer” com este cantar tão monocordicamente embalador...
E a fagulha seca ia enfeitando o meu corpo, confundindo-o com o chão...
Somos realmente folhas! E eu, parte deste todo que teimo interrogar...
E fugimos aos porquês simples com respostas evasivas, contornando respostas com dúvidas escritas no inconsciente...
E neste estado de quietude e deleite, com os ouvidos pousados na música das cigarras, eis que de repente, como uma batuta de quem rege uma grande orquestra...toda a cigarrada emudeceu!
Emudeci também.
Não compreendi tão repentino silêncio...
E mais uma pergunta sem resposta para tão simples fato, mas talvez complicado argumento...
Para elas!
Tudo ficou parado ,ampliando ainda mais a distância das respostas para factos tão irrelevantes.
Voltei ao meu livro...pensando nas cigarras...
Pausa longa...
Ao longe uma outra orquestra iniciava agora a sua atuação...talvez porque  chegava o momento de ceder o palco a outros músicos...
E eu, no meu palco, continuava com a minha música, deixando-me acariciar pela sombra dos pinheiros que adormecia em mim!
Simplicidades...