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sábado, 23 de outubro de 2021

Nada sei

 




Nada sei dos contornos da terra. 
Nada sei das brisas que me levam nas suas asas. 
Nada sei dos sonhos que, semeados neste 
inconsciente, me levam à terra de ninguém. 
 
Sei que me acompanham os voos de todas as aves 
no encanto supremo de estar aqui. 
Sei que sou a água e a flor que despertam momentos
longínquos e me debruço como elas em cada peitoril
que adorna cada corpo, cada casa. 
Sei que tu és o Eu aí e sou a cidade à espera de ti. 
 
Não sei de onde venho, esqueci o caminho 
mas sinto que a porta se vai abrindo devagarinho.

 

Manuela Barroso