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sábado, 6 de agosto de 2011

Tardes...

 Rio Minho...duas Nações


Era um azul de fim de tarde pálido cuja monotonia monocromática era cortada por pinceladas em labaredas laranja.
As andorinhas eram como vozes de crianças à solta, em danças provocadoramente arriscadas...
...Mas os olhos ficaram imóveis no rio onde se espelhava a luz que se ia despedindo do dia...
...E as árvores que contornavam o leito de paz, completavam este hino de harmonia e quietude...
Detive-me numa espécie de oração vespertina, ao contemplar belezas discretas que a fugacidade do tempo nos ajuda a ignorar...
...E, no coração do Minho, com o altar dos pinheirais que sobem os montes, o rio parou como que numa vénia perante uma espetadora rendida aos seus encantos!
Parei o tempo, sacudido por um vento norte atrevido, desnorteado pelo meu fascínio, que lhe roubava o seu protagonismo...
...E, à medida que a luz desaparecia, mais o rio pasmava nas suas águas mansas, contornadas pelas árvores, rendidas à pacatez deste espelho...
...E o rio ia escorregando, neste pedaço entre duas nações, como num êxtase de vibrações nos corações destes povos que dormem nas suas margens...
 ...É que neste recanto do mundo, a natureza ainda se funde com o amor!..
Já Vénus ia alta, acompanhada pelo quarto minguante...
...fechei a varanda desta Pousada...
... e arquivei memórias de beleza e de paz...
...na contemplação dos reflexos do Universo!..

domingo, 31 de julho de 2011

No mar


O sol celebrava a festa da tarde.
As ondas uma a uma se empurravam
com uma pressa disfarçada para chegar à areia fina
enrolando-se em cabelos
como tranças de menina!

Vi-te na onda que abraçava agora a costa
trazendo nos caracóis beijos e conchas de mar!
A areia morria com a espuma
e as ondas uma a uma
faziam dos rochedos seu par!

O olhos do horizonte confundi-os com os teus
e perdi-me na maré cheia
levada pela brisa morna...
neste vai e vem que embala.

Voltarás com os olhos da lua
no espelho do mar de prata!

Manuela Barroso, "Eu Poético III"