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domingo, 11 de março de 2018

Invernia






 christine schloe


Chovia a noite na transparência
serena e doce do olhar do orvalho
confidenciando com a melodia  acre
de gotas sonoras.
Na cortina da bruma, ainda mais baça,
bailava o mistério  da invernia sedenta
de fome na procura insaciável da seiva
das palavras.
Nas mãos das árvores desprendem-se 
ocasos nascidos do ventre da terra.

O silêncio nasce no espaço da incerteza
do destino da manhã.
Iluminam-se corpos na caverna da noite
com vazios de ventos, de luzes difusas, 
prolongando-se em nevoeiros inquietos.

E os segredos noturnos dormem nas veias 
agitadas das árvores e no coração das pedras,
abrigadas na glorificação  da beleza
de sombras inquietas.

Manuela Barroso, in “Laços”- Dueto -