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sábado, 23 de fevereiro de 2019

Deste Mudo...



Deste mudo cais donde embarco
solto o silêncio das amarras que me prendem
aos grilhões dos porões de navios naufragados.
Só consinto
as tatuagens das margens no ventre das mãos
ausentes de flores orvalhadas.

Desço ao coração das águas
e mergulho no bálsamo verde do baile dos limos
numa graciosa contradança.
Troco os meus olhares
com a quietude dos peixes e vagueio numa ondulação
combinada  com o arrepio mastigado das águas
que morrem na indiferença das horas.

Nem o feitiço da luz em relâmpagos no seio das águas lisas
me acordam deste flutuar harmonioso e sereno
numa fusão clandestina entre o profano e o sagrado.

O meu caminho abre-se
nas clareiras profundas e brancas das areias
em janelas de rostos cristalinos
onde procuro repousar este destino.

...
 Manuela Barroso