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terça-feira, 14 de setembro de 2021

Elas

 



De trapos pendurados no rosto, deambulam como quem vê.
Enterram sonhos como quem planta espinhos de rosas
na poeira do asfalto sem uma erva de vida. Límpidos os olhos
na esmagada aceitação das lágrimas, resvalando no colo onde
se aquieta o fruto aninhado no colo materno, bebendo a seiva até
à última gota.
Engolem a esperança na alegria que vai apodrecendo com a solidão.
Olhos mirrados com sede de luz e fome do dia, coado por um manto
negro de desterro.
Aninhadas nas sombras lúgubres  dos tugúrios,  
as sementes não tem permissão para nascer.
São proibidas as flores e as pombas.
 

Manuela Barroso