SEGUIDORES

domingo, 13 de março de 2011

CAMINHANDO...

Caminhar!
Eis o intransitivo de cada dia, de todos os dias, quiçá o dia todo...
Estranha esta sensação...
Caminhamos sempre para algum lugar, em alguma direcção, algures no tempo e no espaço!
...E sempre pé ante pé, percorremos as horas dos dias muitas vezes à procura de nada ou de alguma coisa do nosso tudo...
...E preenchemos os nossos vazios nesta peregrinação contínua como se caminhássemos institivamente para uma chegada que tarda ou se esconde...
E de porto em porto...tentamos apanhar o barco que nos leva a outra margem...
...E atravessamos sentados estas águas, neste barco ,que nos aquieta, porque nos perdemos nas brumas esquecidas do nosso inconsciente...
...E aproveitamos para apascentar os nossos olhos nas águas verdes do nosso rio, do nosso mar!
...E o pensamento pousou no silêncio do Eu...onde o caminhar se interrompeu...
...E o tempo parou...
...Mas todas as travessias são um espaço entre margens...
Entre o Aqui e o Além...
Entre o Hoje e o Amanhã...
...E defrontamo-nos com o Agora...
E votamos a caminhar, percorrendo o nosso caminho...
...E a Vida é um contínuio caminhar entre espaços, neste tempo do nosso tempo, no nosso espaço, em direcção a um tempo futuro...
Chamam-lhe trabalho...
...Diria, sim, que é uma peregrinação metafórica colectiva...clandestina...inconsciente..à procura da Consciência Cósmica!
Meditações....
...Sensitivas...

sábado, 12 de março de 2011

CAMINHOS AUSENTES...



Caminhos ausentes
Presença incontida entre brancos lírios
Nascidos no verde selvagem dos campos...
Desertos brancos
Ampulhetas onde escorrem as horas
Cansadas de nada
Semeadas de tudo!
Horizonte longínquo e plano
Achado nos olhos vazios
Cheios de nada
Cheios de tudo...
Sonhos perdidos no cume da vida
Desfeitos no silêncio das noites!
Madrugadas silenciosas dormindo
No despertar longo de cada dia!
E o sonho acordava...sorria...

manuela barroso/2011

quarta-feira, 2 de março de 2011

FOLHAS SECAS

Uma tarde quase primaveril.
Pequenos nadas que se tecem no pensamento, que fazem parte da rotina do tempo, das estações que vêm, que vão...
Os raios de sol caíam luminosos nos braços das árvores, agora desenhados na laje do chão, onde se amontoam folhas secas, mortas, quase desfeitas...
...Era um ritual pachorrento, cuidar da folhagem que ia caindo... caindo a cada sopro de vida no vento...
...E a folha caía, caía...
...mas a folha caiu... caiu e foi apodrecendo num grosso tapete uniforme e quanto mais o tempo corria...o tapete ia reduzindo o seu corpo, entregando-se ao chão, à terra...
...E as folhas secas e hirtas do carvalho, mirravam como os dias pequenos do inverno , não sobrevivendo às chuvas, às geadas...
...Olhei o chão... olhei o céu...olhei a folha...
...Olhei os ramos hirtos numa espécie de clemência à vida...
Fez-se silêncio cá dentro...
...Algo bateu fundo, forte,...uma profunda inquietatação na quietação do meu "eu"...e tudo ficou mais denso, mas mais verosímil com a congruência da Vida...
"Tu és como a folha...És um rebento que cresce, onde pousam as aves, embelezas os jardins e os bosques com o charme da tua cor, com a majestade da tua essência...E vives e és feliz como os pássaros que abrigas...E és útil com a tua sombra...
Mas , oh impermanência do tempo...um dia cais como a folha seca ...mirrarás sem força, sem vida como a folha outrora verde e viçosa !...E o espaço que ocupavas antes...vai crescendo à medida que vais perecendo...até ficares em nada..."
Os olhos ergueram-se numa não aceitação, deste pensamento como se esperasse outro reduto onde me pudesse refugiar...
E senti que numa hipotética semelhança com a folha... enquanto massa aparentemente "inerte"(...) eu era...sou uma não-folha....
...Eu penso que penso...eu não sei se ela pensou...
Eu penso que estive enquanto estou...e penso que um dia não estarei mas deixarei a minha voz no vento em palavras porque deixei a minha voz em símbolos...
E se Além houver folhas também!?
A folha e eu...
A folha e tu...
...Mas a primavera voltará, com novas folhas, novos sorrisos....
...E eu quero o Agora...a primavera do Hoje...
Mas...e a folha que eu sou!?

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

SILÊNCIO AINDA

Deixo a luta entre a cor e a música...
...E de novo reina a paz na escuridão. E permaneces lá, aqui, sempre disponível...
...E não ficas cansado por esperar! E esperas sempre tanto!
Deambulo por esta casa interior, procuro-te devagarinho.
Retiro as pedras do meu peito e nelas planto flores.
E fico em mim, agora no prado do coração.Sinto o cheiro das rosas, que vejo espalharem-se na calma que começa a descer em mim.
E a paz começa a florir neste roseiral que quero cultivar!
E sorrio.
Começas a aparecer. Sorris também. Sóbrio e terno como um companheiro. Elegante e sóbrio como um cavalheiro.
E deixo-me cair nos teus braços, cansada de esperar agora por ti!
Eu sim, espero por ti, sabes?
...E fico deliciada coma tua voz!
...Enternecida com o teu amor acolhedor!
Perco-me no tempo que é um dos teus segredos que partilhas comigo.
E ouço-te.
E não me canso de ti. Não me canso contigo!
...porque toda a vida te senti...
Este TU, Silêncio se chama
Ele é a voz de quem ama...
Voz ausente? Presente?
Depende de quem sente...

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

O INVERNO E EU

Agora é tempo de esquecer flores e amores!
É tempo de hibernar!
Toda a Natureza que nos acaricia e potencializa os nossos sentidos, começa a diluir-se numa cadência calma acompanhando o ritmo do dia e da noite. Vai-se apagando aos poucos, vai adormecendo, entrando numa letargia... fazendo parar a vida!
Tudo pára , tudo se aquieta, se acalma, excepto a força da chuva e dos ventos que tentam sacudir este sono letárgico.
Mas tudo permanece fiel ao ciclo do tempo.
Excepto eu, excepto tu!
Não respeitamos a dolência do estio.
Não apreciamos a melancolia suave e terna do outono.
Não "hibernamos" com a fustiga do inverno inclemente...
Ele está aí, batendo na vidraça, anunciando o seu mau humor. Mas para ti, para mim, tudo funciona como se fosse primavera, uma falsa primavera.
E enfrentamos o tempo com a chuva a chorar em nós e o frio e a neve a encolher-nos o corpo ressequido pelo vento agreste.
E sonhamos.
Enquanto lá fora tudo espera pelo despertar da vida, aqui espero também pelo despertar em mim!..
E espreito a vidraça onde escrevo o meu nome, o teu nome, enquanto os campos, os jardins foram peneirados com flocos de neve!..
Aqui, junto às chamas, as labaredas crepitam com estalidos como foguetes, em sintonia com o meu conforto acompanhado de um chá e scones mornos com compotas do meu quintal...
E o mundo pára. E eu parei!
...E vem a noite. A eterna e terna noite.
Tempo de quietação. Tempo de mim. Tempo de sono e de sonhos!
Desperto.
A mente vagueia e fico atenta às suas viagens deslumbrantes...
...E deixo-me levar nas pálpebras da noite, nas fantasias da noite. É como se neste inverno noctívago me fosse permitido ter asas...
E deixo-me embalar pelos filmes que a imaginação constrói. Observo...
...E enquanto o vento corre, o seu silvo acorda-me deste tipo de pensamento hipnótico...
...E volto ao aqui e ao agora.
A revolta mistura-se com a indignaçaõ. O sonho não passou disso mesmo: pesadelos!
Volta o dia.E não quero mais sonhar. Quero enfrentar o tempo que endureça a minha alma porque a imaginaçaõ é o espaço onde se divertem os pensamentos, criando fantasias...
Resolvi calar o ego...
Dar eco ao que eu sou...
...Ou quero ser...