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terça-feira, 1 de dezembro de 2020

Não Me Perturbes

 

Foto Minha



Quero reclinar o meu peito no regaço da terra
descer num casulo de luz pairar como a bruma
na urze calada e perfumada da serra.
 
E não perturbes o meu silêncio
que dorme nas folhas das minhas mãos.
 
Na criança adormecida em mim
ficam as pegadas na presença dos silêncios,
nos diálogos e gestos escritos na areia polida
das minhas palavras.
 
E não perturbes o meu silêncio
que dorme nas folhas das minhas mãos.
 
Não perturbes estas folhas que rodeiam o meu corpo
povoando esta alma de música que ninguém ouve.
Não quero miscelâneas no meu poente.
Quero nascer os olhos em bocas de alegria.
Deixa ser-me criança, vestir de novo esta fantasia.
 
E não perturbes o meu silêncio
que dorme nas folhas das minhas mãos.
 
E não per_ tur_ bes o meu son_ ho.
Quero adormecer a noite enganar a lua
morrer o passado nesta inquietação
desta
chama
nua.

 

Manuela Barroso

 

https://vimeo.com/84500122

( Video-"Não me perturbes"- Na maravilhosa Voz de Rui Diniz)

   





18 comentários:

Roselia Bezerra disse...

Bom dia de muita paz, querida amiga Manuela!
Muito bom podermos silenciar ou desfrutar do silêncio merecido.
Perturbarmos ou sermos perturbados é tão ruim.
A imagem tem uma delicadeza como o silêncio que é pedido na poesia.
Simplesmente bela.
Tenha saúde em todos os níveis do seu viver!
Bjm carinhoso e fraterno de paz e bem

chica disse...

Quase uma súplica essa tua linda poesia, gritando pelo direito de esta em silêncio que tanto precisamos. Beleza! beijos, chica e tudo de bom!

Elvira Carvalho disse...

Um poema que gostei muito de ler.
Às vezes também nós tínhamos a necessidade de solidão, de que ninguém nos perturbasse. Hoje andamos desejando o bulício de outrora.
Abraço e saúde

Fá menor disse...

Belíssimo!

Uma delícia ouvir a declamação deste poema.

Parabéns!

Beijinhos.

Majo Dutra disse...

O belíssimo poema de alguém que pede para não ser perturbada,
pois necessita de tempo para sonhar.
Uma pérola do InVersos...

Gostei da declamação de Rui Dinis, tem realmente uma voz magnífica para este trabalho...

Dias bons, querida Poeta. 💐 Beijinhos
~~~~~~

MARILENE disse...

De um lado, vejo melancolia. De outro o desejo de manter a alegria da criança ainda viva, mesmo que em fantasia. E é no silêncio e no sonho que se pode adormecer o passado. Seus poemas despertam sentimentos, fato que os tornam ricos e belos. Bjs.

João Santana Pinto disse...

Não sei muito bem o que dizer... posso falar da beleza da imagem, mas nada do que possa aqui escrever vai estar à altura do poema.

E, agradeço à blogosfera por isto, pela oportunidade de ler poetas de corpo e alma, pessoas que respiram poesia em cada palavra que articulam

Parabéns pelo talento

Emília Pinto disse...

Precisamos urgentemente de " Abrir a porta " da nossa consciência, a porta do nosso coração para que os " lamentos " daqueles que sofrem nos acordem para uma realidade triste, não só a de agora, mas a de tantos outros tempos de grandes sofrimentos também. Precisamos de ter consciência da nossa ingratidão pelo simples facto de termos de ficar em casa, confortavelmente aquecidos e com fartura na mesa, quando vemos a cada canto, pessoas sem pão, sem tecto, com casas indignas desse nome, quando
a todos os instantes morrem pessoas que não puderam despedir-se dos familiares , como foi o caso de um amigo meu, há dois dias; ficou por dar aquele abraço reconfortante aos familiares que tanto precisavam dele, faltou olhá-lo pela última vez. E nestes momentos, precisamos de silêncio, para reflectir, para deixar entrar em nós aquelas recordações boas de crianças correndo felizes, lembranças dos tempos em que podiamos abracar e conviver com os nossos familiares e amigos. Precisamos de " abrir a porta " à esperança de que, em breve tudo melhore e também a esperança de que nunca mais percamos a oportunidade de abraçar, de beijar, de visitar os amigos, de ajudar quem precisa e que, tantas vezes mora mesmo ao nosso lado. Fechemos a porta, Manuela, a tudo aquilo que nos demova desta intenção, da intenção de mudarmos a nossa maneira de viver, dando prioridade aos afectos e não à correria desenfreada do costume. Um beijinho e muito obrigada pelo belo momento de poesia e de reflexão. SAÚDE para todos, querida Amiga !
Ps Mais tarde irei ouvir o poema!
Emilia🎄☃️

Teresa Almeida disse...

"Não me perturbes", quero ouvir a sintonia da palavra e da voz que a diz e sente de forma plena. Quero ouvir este silêncio prenhe de alegria e inquietação. Quero ouvir a nudez do poente nas tuas mãos.

Magnífico, minha querida amiga Manuela. Aplausos, também, para Rui Diniz.

Beijo e saúde!

Graça Pires disse...

Não te perturbo. Não perturbo o teu silêncio para ser contigo a criança que veste fantasias, para deixar que as folhas durmam também nas minhas mãos. Que magnífico poema. E que voz maravilhosa a de Rui Diniz a dizê-lo. Que fotografia encantadora. Tudo lindíssimo, minha Amiga Manuela!
Cuida-te bem.
Uma boa semana.
Um beijo.

Maria Rodrigues disse...

Um poema sublime!
Que nada perturbe o seu silêncio e paz interior.
Beijinhos

A.S. disse...

Depois de ler este delicioso poema, quem ousará perturbar o teu silêncio?
A tua foto! Que maravilha. Eu diria que é o teu poema mudo!
Parabéns Manuela!
Uma semana linda para ti, com muita saúde. Cuida-te muito!

Grande abraço!

saudade disse...

Não me perturbe,,,, aqui encontrei a paz que procurava. Fantástico

Agostinho disse...

Não me perturbes pede o sonho feito poema
Tem tudo
Tem luz espaço perfume palavra silêncio
Silêncio
Vontade que impera como chama desnuda
de renascer criança ao poente
Um poema e tanto!

Gostei muito, Manuela Barroso.
Bj.

Mar Arável disse...

Digo baixinho para não acordar os pássaros
Tudo muito belo
Bj

SOL da Esteva disse...

Guarda-te no espaço de silêncio conquistado e a perturbação lá não entrará.
Soberbo, Divino... Como a imagem que o encima.
Rui Dinis, na sua voz, acresce e valoriza.
Parabéns e obrigado por estes momentos.

Beijo
SOL

As Mulheres 4estacoes disse...

Olá, Manuela!

Tem dias que tudo que desejamos é silêncio.
Silêncio que traz a oportunidade de reflexão e de alimentar os sonhos.
As vezes é nesse silêncio que pegamos nossa criança interna pelas mãos e rodopiamos com alegria e ingenuidade, a fim de tirar o peso que algumas vezes carregamos.

Lindo poema e a imagem é um encanto.

Abraços,
Sônia

Ana Freire disse...

Apaixonante a declamação, que acresceu mais intensidade a tão sentido poema!
Há silêncios... que carregam um universo dentro deles... de grande visão e pura inspiração!
Belíssimo e intenso momento poético, Manuela!!! Adorei! E muito bem conjugado, com a excelente imagem!
Beijinhos! Bom fim de semana!
Ana