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terça-feira, 14 de janeiro de 2020

Despem-se as árvores



Despem-se as árvores, veste-se o chão,
vestem-se os rios de madrugadas.
Despe-se o dia de tantas aves,
veste-se a noite de sombras caladas.

De alegrias te vestes, sorrisos mansos,
olhos de sal, de tantas  gotas,
as mãos se abrindo em amor e remanso.

Veste-se a boca de tanta ofensa 
monólogos longos em sobressalto
nos gritos que ditam sua sentença.

Vestem-se os ouvidos de tanta injúria
palavras loucas, voz sem espaço
no cristal que fere com a maior fúria.

Veste-se o sol de alegria,
e as madrugadas de fresco orvalho,
veste-se de penumbras e sombras o dia-a-dia
Assim é a vida: uma manta de retalhos.

Manuela Barroso


19 comentários:

chica disse...

Desde o primeiro ao último verso, um delírio estar aqui e ver tanta poesia, tanta inspiração...Apesar das folgas que caem, das "roupas que trocam",a vida segue nessa linda colcha de retalhos... ADOREI! beijos, tudo de bom,chica

Roselia Bezerra disse...

Boa noite de paz, querida amiga Manuela!
Que suavidade linda!
Um fresco orvalho invada nosso ♥️ a cada alvorecer.
Lindo poema, amiga!
Tenha dias abençoados!
Bjm carinhoso e fraterno

Mar Arável disse...

Nus de corpo inteiro
Bj

Teresa Almeida disse...

São vivas as cores da tua manta. Nelas se plasmam as dores e as alegrias, os sabores e os amores. E é tudo tão poeticamente sentido!

Prendes na intensidade das imagens, querida Manuela.

E eu deixo-te uma torrente de abraços.

Olinda Melo disse...


Querida Manuela

Alegrias e tristezas, amor e também desamor,
tudo fazendo parte da vida.
Que possamos encontrar o equilíbrio de modo
a que essa "manta de retalhos" seja mais
colorida.

Beijo

Olinda

Maria Rodrigues disse...

É isso mesmo, a vida é uma manta de retalhos.
Fiquei encantada, obrigado por este maravilhoso poema.
Beijinhos

Elvira Carvalho disse...

"Assim é a vida: uma manta de retalhos."
A sua são retalhos cheios de talento
Abraço

Ailime disse...

Boa noite Manuela,
Um poema muito belo que nos canta a vida tal qual ela é.
Cheia de nuances e roupagens que a tornam talvez mais atrativa e também misteriosa.
Um beijinho e um ótimo fim de semana.
Ailime

SOL da Esteva disse...

Magnífico Poema, Amiga.
A Vida, verdadeiramente, é, no seu todo, uma manta de retalhos.
Parabéns.



Beijo
SOL

Graça Pires disse...

Nesta manta de retalhos a vida é um itinerário às vezes triste, outras vezes sedutor onde procuramos a nossa identidade em tudo o que nos cerca.
O teu poema, belo como sempre.
Uma boa semana, minha Amiga Manuela.
Um beijo.

Majo Dutra disse...

Convinha que todos os retalhos fossem lindos,
mas infelizmente não são...

Grande e vistosa metáfora, num poema eloquente.
Beijinhos
~~~~~

Emília Pinto disse...

Nesta " manta de retalhos " que é a vida, muitas vezes de retalhos descoloridos, é bom termos por perto um anjo, de preferência azul, que nos ajude a juntar a esses uns outros de cores garridas. Mas, eu, Manuela, tenho andado um pouco afastada desse anjo, precisamente porque alguns retalhos da minha colcha têm ficado sem cor, ou melhor, o meu desânimo faz com que não consiga vê-la com o colorido de antes. Mas não foi só o anjo que deixei de lado, mas, também a capacidade de ver que a cada dia há um novo começar e que, apesar do tempo gélido , chuvoso e escuro, o novo começo venha com um brilho radioso de sol. A vida tem -me poupado de muitas dores, mas sabia que havia de chegar a minha vez e que elas viriam. Estou longe da minha mãe, como sabes e as noticias quando chegam parecem mais graves, talvez por causa do grande oceano que se mostra tantas vezes raivoso. Fará 90 anos em Março, falo om ela todos os dias e vejo, com alegria que parece ter menos, mas, um problema sério apareceu-lhe e, só peço á vida que me conceda a graça de a abraca8 no dia do seu aniversário, assim, bonita e risonha como a tenho visto. Às vezes penso que a vida é muito injusta; dá-nos a ordem para terminar a caminhada e coloca-nos nesse final pedras de tal maneira grandes que a dor para as ultrapassar é imensa. Fez muitas colchas, a minha mãe, mas, sempre com muito amor, carinho e cor no fio a usar e agora, depois de ter perdido o companheiro de um vida, tem uma cruz a carregar, cruz cujo peso ela ainda desconhece e espero que demore a conhecer. Querida Manuela, sei que já passaste pelo mesmo e sei o quanto isso te doeu e sabia que um dia passaria pelas mesmas dores, mas...é sempre dificil de aceitar. Obrigada por " ouvires " o meu desabafo e não te preocupes, porque esta tua Amiga é corajosa e , se tiver de voar até ao Brasil, antes de Março, fá-lo-à , sem problemas. Não vou agora porque a estranheza da minha mudança de planos iria colocar-lhe dúvidas desnecessárias e isso não convém. As palhaçadas da minha sapequinha tem-me ajudado a pintar de cores garridas aqueles retalhinhos mais desbotados e, se eu deixar, ela joga tinta vermelha sobre eles e ainda ri da minha cara de zangada. Não adianta cara feia, porque, para ela tudo é festa. Beijinhos, querida Amiga e vou ver se chamo mais vezes esse Anjo Azul, pois a sua cor dá serenidade ao nosso coração. Boa noite!
Emilia

saudade disse...

Assim segue o ciclo da vida...
Excelente poema.
Bom resto de semana

Gracita disse...

Querida comadre
Hoje vim trazer um convite.
Neste ano de 2020 quero alinhavar no meu blog Sonhos e Poesia um projeto intitulado "Café Poético" onde no último dia de cada mês será apresentado na minha página uma pérola poética de sua autoria à sua escolha para que possa ser apreciado pelos nossos amigos e amigas leitores. Maiores informações no meu blog. Passe por lá, leia a postagem e sinta-se à vontade para aceitar ou recusar o convite.
Beijinhos poéticos

Joaquim do Carmo disse...

Olá, Manuela!
"Assim é a vida…", com linda poesia!
Beijinho grato pela visita, volte sempre que a sua presença é grande incentivo, amiga!

Toninho disse...

Uma bela manta de retalhos Manuela.
Belíssima construção que faz olhar para dentro,
que faz repensar nos rumos da vida e na travessia.
Um show de inspiração amiga.
Beijo

Agostinho disse...

Assim é o ciclo das marés que alternam no movimento dos corpos.
Despem-se para vestir. Algumas despem-se outras despedem-se inexoravelmente.
A manta tecida a uns cobre a outros destapa.
Beijo.

Leninha Brandão disse...

E esta colcha de retalhos é tão complexa, ora nos trazendo ao máximo das alegrias,ora nos mergulhando nas trevas do desencanto, que precisamos de vestir roupas coloridas, arco íris com todas as cores da nossa paleta, exuberantes colorações a servir de armaduras contra o sofrer... antagônicos são os movimentos do nosso pêndulo vibracional, desconcertantes as surpresas que nos limitam ou iluminam.
Mister se faz acumular alegrias em uma espécie de"cofre" de emoções para urgências sentimentais...e tu, anjo azul e de todas as outras cores, nos inspira e, instigante como uma sereia e seu canto, nos conduzes e transformas a realidade trivial em uma atordoante viagem ao centro de nós mesmos.
E é perfeita esta viagem...

Ana Freire disse...

A essência da vida, tão bem descrita nas suas palavras!...
Cabendo a cada um, achar a sabedoria suficiente, para costurar esses retalhos...
Sai-se sempre daqui, de alma cheia, Manuela!... Sempre um privilégio imenso, apreciar e descobrir, cada um dos seus magníficos cenários poéticos!...
um beijinho grande!
Ana