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sábado, 14 de outubro de 2017

Em cada baga

.Vladimir K.

Em cada baga de azevinho, o contorno
do berço onde embalas recordações.
já não vives no peito das árvores
nem nas penas dos piscos.

tudo escorre no tempo sem luz,
só com o brilho do limo onde fecunda  
o sumo verde das correntes cristalinas.
abraças o amor da sombra que se foi

com o outono num último adeus ao sol .
mas tudo vibra na nudez que te cerca.
as nuvens encobrem os braços exaustos
da renda das árvores empalidecendo

o restolho musguento onde tudo dorme,
exceto os caracóis sonâmbulos,
invadindo o sono das folhas.
despertas da alucinação que enche

o teu peito de paz, para voltar à casa
onde te esperam outras alegrias,
nesta espécie de turbilhão  branco
em sossego, feito de harmonia.

( Reeditado)

Manuela Barroso, Eu Poético VII

11 comentários:

Edum@nes disse...

Os piscos de papo amarelo,
fazem os ninhos nos arbustos
gostei de ler o seu poema belo
o que eu não gosto é de soluços.

De certa maneira incomodam,
embora não tenham mal algum
eles vão mas depois voltam
por vezes mais do que um.

Tudo escorre no tempo sem luz,
como o menciona no seu poema e muito bem
quem tem frio na cabeça deve usar capuz
no verão para a proteger do sol também!

No fim do dia se diz adeus ao sol,
esperamos por ele no dia seguinte
as aves no ninho, na concha o caracol
que por ser vagaroso não sprinte!

Tenha uma boa noite e continuação de bom ano de 2016, amiga Manuela Barroso, um beijo.
Eduardo

Elvira Carvalho disse...

A volta a casa, é sempre motivo de alegria, de realização. E acalma as dores que ficaram pelo caminho.
Um abraço

Toninho disse...

Profundo e belo em figuras que nos insere no poema,
num colorido e num cinza frio, onde tudo dorme, mas
que se processa numa revitalização para novo ciclo.
Bela arte Manuela para ficar no encantamento.
Carinhoso abraço de paz e luz.

Jaime Portela disse...

Um poema de inverno... mas com a excelência das tuas palavras.
Gostei imenso, como sempre, parabéns pelo teu talento.
Bom resto de semana, querida amiga Manuela.
Beijo.

XicoAlmeida disse...

Venho minha amiga fraterna num piscar de olhos, olhando de relance o fugir da ultimas flosas engordadas por entre silvedos carregados de amoras.
Piscos, os tolos que antecipqm outros tolos maiores, os tordos.
Mais coloridos uns que outros...mais simbolicos outros que uns...
Depende porventura da imagem que olhamos e a certeza da mensagem da nossa alma que irao carregar.
Pode chegar a bom porto, aquele que o nosso espirito tem medo de ser recebido no decifrar de meia duzia de linhas. Pode ser uma invasao e ao mesmo tempo uma evasao, depende do enublado e sombrio espelho. Tudo depende de todos os nossos elementos espirituais.
Um bom ano Manuela.

Ana Freire disse...

Que poema maravilhoso, Manuela! Sobre o Inverno... que com maior intensidade parece que chega, e se faz sentir em nós... logo a seguir ao Natal... e no entanto... a Natureza, nunca nos dá um Inverno absoluto... os dias já estão a crescer... a caminho duma Primavera... para contrariar os rigores do Inverno... que se instala em nós... fazendo-nos crer que o Inverno é mais um estado de alma... do que um verdadeiro estado de tempo...
Beijinhos! Bom fim de semana!
Ana

Odete Ferreira disse...

Como podem ser bucólicos os estados de alma num entre-laçar de imagens poéticas e os afetos que os ciclos de vida, quase por inerência, nos aportam!
Deleitei-me!
Bjo, amiga :)

Mar Arável disse...

Sonhos ao alto

Emília Pinto disse...

Nem sempre o peito tem paz, nem sempre há alegria e nem sempre sossego e também harmonia, assim como nem sempre o sol brilha, nem as nuvens cobrem os céus e até os passarinhos se escondem e deixam de cantar; as árvores perdem as folhas, o vento as amontoa em todo o canto...nem sempre chove e nem sempre a neve cai pintando as terras de branco; tudo " escorre " pelo seu tempo certo, nascendo, crescendo, indo, voltando , instante após instante num ciclo perfeito que só a natureza é capaz de fazer; o homem tenta interferir com os seus ditos atos inteligentes e por isso, Manuela , nem sempre a casa é um refúgio, nem sempre a casa é uma volta ao sossego, à alegria, à harmonia; é tantas vezes uma revolta silenciosa pelo negrume nas margens daquele riacho que corria alegre, oferecendo pelo caminho as suas águas frescas e cristalinas. Tudo é sombra na nossa casa, tamanha é a dor da mãe natureza. Como sempre, querida amiga, um lindo poema escrito com o melhor que tens dentro de ti. Obrigada! Deixo-te um forte abraço
Emilia

Ana Freire disse...

Maravilhosa... esta serena harmonia que brota, em cada uma das palavras deste poema, que adorei reler... e estamos de novo no Outono... pelo que estas palavras recuperam o seu verdadeiro sentir... e sentido... no timing perfeito!
Irei ficar com elas debaixo de olho, Manuela, se não se importar... para brevemente as destacar, lá no meu canto, com um link para aqui... afinal... estamos no Outono!...
Beijinhos! Feliz semana!
Ana

Agostinho disse...

Em tom elegíaco e bucólico o outono tratado em poema bem estruturado.

Bj,