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domingo, 27 de setembro de 2015

Silêncio



 Panov Eduard

Chego à paz da minha casa e procuro-te.
abro a porta devagarinho, espero a tua
sombra. e estás em toda a parte:
nas recordações objetivas e na saudade
das recordações!
o pensamento cai em mim provocando
um rodopio de emoções.
e fujo.
e nego.
corro, sacudindo este turbilhão que não
 quero. que não peço.
quero é a tua presença nem que seja a
 tua sombra.
outros fogem de ti, quando eu procuro
fugir de mim, para te encontrar.
quero que fiques comigo e em mim,
dentro de tudo e de nada. porque me
completas e preenches os vazios das
horas a que chamam" mortas".
ouves-me dentro dos ruídos da vida.

Manuela Barroso, in "Coletânea de Poetas Maiatos"


9 comentários:

Ana Freire disse...

Lindas palavras, Manuela!
Sobre o silêncio... que para alguns pesará... e para outros confortará, por ser uma fonte de equilíbrio, ao permitir ouvir os diálogos, com a pessoa mais difícil de se encontrar, por vezes... nós mesmos!
E como sempre uma maravilhosa escolha, no suporte em imagem, que sustenta as palavras!...
Mais um post maravilhoso!
Beijinhos! Bom domingo!
Ana

Elvira Carvalho disse...

Às vezes as saudades são insuportáveis. Mas não adianta a fuga. Elas estão dentro de nós.
Um abraço e bom domingo

Gracita disse...

A saudade é corrosiva.
Por mais tentemos fugir sempre há uma imagem a nos perseguir como um fantasma
Parabéns querida pelo lindo poema
Uma semana plena de alegrias
Beijos perfumados

Unknown disse...

Um poema com fugas da saudade, do amor.
Não dizer quando somos mais felizes
Quando fugimos e nos desencontramos
Ou quando paramos, nos vemos e reencontramos.

Maria Rodrigues disse...

No silêncio, as recordações se tornam mais vivas.
Maravilhoso poema.
Beijinhos
Maria

Emília Pinto disse...

E nos " ruídos da vida " que são muitos e nos atordoam procuramos o silêncio para que entrem " devagarinho " as recordações e as " saudades das recordações".
Temos sim "saudades das recordações "porque às vezes o " turbilhão " de emoções é tamanho que não conseguimos selecionar aquela recordação que nos faz tão bem e que nos preenche" nessas horas" a que chamam de mortas " E lá procuramos nós a paz da nossa casa para no silêncio dessa paz buscar as recordações mais preciosas e delas matarmos a saudade. Essas não doem mesmo sabendo que não passam de " sombras " duma vivência passada que lá ficou bem atrás. Tentamos fugir das doídas, das sofridas das que nunca pedimos, mas que, teimosamente mesmo no meio de tantos ruídos, aparecem e nos fazem sofrer em "Silêncio"
Beijinhos, Manuela e obrigada pelo belo momento que sempre nos proporcionas com a tua poesia, bela, sentida, vinda do mais íntimo da tua alma.
Emília

Bob Bushell disse...

Beautiful poem Manuela, I love it so much.

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

nos silêncios das horas mortas a saudade faz-se lembrada, não adianta fugir, ela volta sempre.
um poema melancólico mas muito belo.
beijo
:)

Toninho disse...

Profundo e reflexão em poesia.
Saber da solidão e das horas lentas e mortas
que nos faz repensar.
Abraços amiga.