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sexta-feira, 18 de novembro de 2022

Lá fora


 

La fora chove o sol.
A terra pinta-se de Outono. Folhas moribundas
que ainda sorriem para a vida. Tinha esquecido.
Não sabia que os moribundos ainda podiam alegrar
as manhãs que gelam o sangue. A vidraça, uma barreira
donde os olhos contemplam a vida de um sol calmo
penetrando na alma, espalhando-se  pelos sentidos
alargando-se no jardim da minha pele.
Dentro, dádiva de vida longa, tropeçando na renda dos ossos.
A sombra desce. O sol deita-se numa horizontal plácida.
O chão dorme sentindo os beijos das folhas
e a vidraça é a porta que me liga ao mundo que me esqueceu
Eu, penetro as suas sombras nas vozes dos passos,
no tambor ruidoso que me acorda para a vida.
 
 
Manuela Barroso

11 comentários:

Roselia Bezerra disse...

Boa noite de paz, querida amiga Manuela!
Tão linda descrição poética outonal!
De sentir do lado de cá, o aconchego que a filha faz na terra:
"O chão dorme sentindo os beijos das folhas".
Que bom ter passado por aqui na tardezinha que se finda por cá!
O Outono é apaziguador.
Tenha um final de semana abençoado!
Beijinhos

chica disse...

Muito lindo,imagem e palavras. Que bom sempre há um tambor que nos acorde para a vida...Lindo fds! beijos, chica

Toninho disse...

Lá fora onde moram as mais doces sensações,
lá fora onde as possibilidades se multiplicam.
É lá fora que seus olhos captam cada movimento ainda que ínfimo, como o beijo da folha seca na grama.
Lindo demais Manuela, explosão de sensibilidade.
Lindo fim de semana.
Beijo amiga.

Graça Pires disse...

O outono: um lugar em que a melancolia nos inspira. E te inspirou a ti para dizeres como amas a Natureza apesar das sombras, apesar de tudo, apesar de nada, quando as folhas cor de mel esvoaçam ao vento como se fossem os teus pensamentos e os teus sonhos.
Um bom fim de semana, minha Amiga Manuela.
Um beijo.

Elvira Carvalho disse...

Fico sempre maravilhada com os seus poemas.
Abraço, saúde e bom domingo

A Nossa Travessa disse...

Querida Manuelamiga

Vencido que foi o Inferno de três anos e picos (recaída da bipolar + Covid) aqui estou varridas as teias de aranha e pronto para admirar uma vez mais os teus poemas.Sem pedir licença transcrevo: "La fora chove o sol.
"A terra pinta-se de Outono. Folhas moribundas
que ainda sorriem para a vida. Tinha esquecido.
Não sabia que os moribundos ainda podiam alegrar
as manhãs que gelam o sangue".

Não é belo - é belíssimo. Não digo mAIS NADA, é suficiente, obrigado.

Uma "vingança": espero-te com comentário na NOSSA TRAVESSA.

Beijos & queijos💋💋💋
Henrique

Maria Rodrigues disse...

Um poema sublime, lindo e nostálgico como o Outono.
Boa semana
Beijinhos

Maria Rodrigues disse...

Um poema sublime, belo e nostálgico, como o Outono.
Beijinhos

Mariazita disse...

Boa noite, querida Manuela
O meu blog continua em modo de “pausa” e penso que assim continuará por mais algum tempo.
Os meus planos de mudança de casa sofreram algumas alterações que levaram ao atraso da sua realização. Nem sempre as coisas são tão fáceis como inicialmente parecem, e, como tenho a actual casa “de pernas para o ar”, abrigando familiares que tinham as suas próprias casas… o ambiente e consequente disposição para alimentar o blogue não são os ideais.
Mas não percamos a esperança. Tudo se resolverá a contento, e a normalidade surgirá (não há quem ainda espere pelo regresso de D. Sebastião ?😊)
Entretanto… irei aparecendo sempre que possível – para mostrar que não vos esqueci, mas principalmente para que não me esqueçam 😉
Um saudoso abraço e até sempre.

Bom final de Domingo e boa semana.
Beijinhos
MARIAZITA / A CASA DA MARIQUINHAS

Majo Dutra disse...

Um quadro de outono intimista de rara beleza poética...
Tudo bom, querida Manuela. Beijinhos
~~~~~~

Ana Freire disse...

Mais uma verdadeira pérola poética, com a sensibilidade que a caracteriza, Manuela... e que não poderia traduzir melhor, o espírito desta bela e melancólica estação do ano...
Adorei cada palavra! Um beijinho!
Ana