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sábado, 4 de abril de 2020

O Céu metálico


O céu metálico sobrevoa, esta floresta de cabelos humanos, invadidos por rajadas de
medos, emparedando-os na angústia do abandono e desencanto, como berlindes ansiosos, em declives verticais, em voos  picados e  pesados de encontro ao abismo.

A solidão gela a amargura das horas com sede de vingança.
E crepita a ânsia de liberdade pela Dignidade e Igualdade Humanas.
Uma estranha prisão com grades frias, intransponíveis, feita de injustiças, ódios e metal.

A dignidade sufoca esta espuma de solidão, numa angústia asfixiante,
infligida por carrascos impunes que anulam sonhos e gritos de esperança...
A impunidade esmaga a esperança de justiça numa cortina opaca, provocando arrepios de indignação.

É neste lar terreno que o espectro da loucura humana
ganha contornos de vórtice tenebroso,
mutilando mocidades ainda por nascer.

E a dor da indignação bate surda no olhar de peitos magoados, numa amargura incontida, que acordará nas brasas das consciências abandonadas, 
feitas vulcões,  
cujas crateras vomitarão
lavas incandescentes de libertação.
E das cinzas, nascerá de novo
uma outra condição.

Manuela Barroso


8 comentários:

Roselia Bezerra disse...

Boa tarde de sábado de paz e saúde, querida amiga Manuela!
Estou meditando na Paixão de Cristo e seu texto veio lavar minha alma como complemento da manhã que ora encerro antes de almoçarmos.
Seremos a fênix em breve, nos cremos na libertação que se aproxima.
🙏🙏🙏
Tenha um final de semana abençoado e livre de todo mal!
Bjm carinhoso e fraterno de paz e bem
💐😘

chica disse...

Quanta profundidade,Manuela... Fico pasma com tanta inspiração. E vamos ver se após tudo isso passado ,quando restarem as"cinzas", as coisas serão diferentes...Adorei! Te cuida! bjs, chica

Graça Pires disse...

Esta angústia asfixiante, as rajadas do medo, tudo o que podemos sentir nestes dias críticos a que as tuas palavras não são alheias. Mas a esperança não nos vai faltar, minha querida Amiga. Também isto passará…
Uma boa semana com muita saúde, Manuela.
Um beijo.

Toninho disse...

Uma poesia perfeita carregada de toda angustia que nos assola neste momento amiga. Sabemos do mal, como sabemos dos medos e das esperanças despedaçadas, que vão caindo pelos caminhos aqui, lá e acolá.
Estamos tristes, mas estamos firmes pela fé, uma fé que pode até parecer boba, mas é a que nos sustenta neste terreno inóspito amiga.
Um belo trabalho de sua inteligencia e consciência deste mundo e das desigualdades que afloram diante de um voo rasante de uma ave do mal.
E vamos renascer debaixo destas cinzas de ossos.
Uma semana mais leve amiga e que se cuide o máximo.
Beijo.

Mar Arável disse...

Soltem os pássaros

e os afectos
Bj

Elvira Carvalho disse...

Um poema que expressa toda a angústia que nos invade.
Abraço e saúde

Mariazita disse...

Um poema muito forte, que se entranha como punhal.
O presente não é apaziguador... mas, como tudo, há-de passar, e o sol voltará a brilhar, substituindo o cinzento do medo.

VOTOS DE UMA PÁSCOA FELIZ – TANTO QUANTO POSSÍVEL,
DADOS OS CONDICIONALISMOS EXISTENTES.

Continuação de boa semana.
Beijinhos
MARIAZITA / A CASA DA MARIQUINHAS

Ana Freire disse...

Um poema emotivo e profundo, que não poderia fazer melhor leitura destes estranhos e angustiantes tempos que atravessamos!...
Tenhamos fé, que dias melhores chegarão... talvez não com a brevidade, que desejaríamos, para já... mas daqui a uns meses... sem qualquer dúvida!...
Um beijinho grande! E os mesmos votos de que se encontre bem, assim como todos os seus, Manuela! Com paciência e saúde... aguardemos por um futuro próximo, já bem mais próximo, da nossa normalidade... que nos aguarda... ali um pouco mais à frente...
Tudo de bom!
Ana