Ouve,
não te ouço.
A
vidraça que me cerca esconde a voz cadenciada
das
ondas desgrenhadas, penteando-se nos rochedos
em
cabelos desfiados, enfeitados de búzios numa sedução
feiticeira
.
Um
fio longínquo define os limites deste espelho inacabado,
Sem
os traços do teu rosto.
Procuro
no sargaço as avencas da praia, nos gritos de fome
do
verde.
No
bosque das ondas, levantam-se árvores de espuma nos
uivos
dos canais de vento. O murmúrio longínquo desta agitação
tão
inquieta ,estremece o canavial do pensamento numa confusa
maré
cheia.
Quero
o ciciar das agulhas nas dunas e aí fazer o meu ninho
no
silêncio morno da areia.
E
florescerão das brancas plantas dos corais,
a
sede do beijo na lentidão do adeus,
no
longo abraço do cais.
Manuela Barroso
17 comentários:
Quando se termina o domingo lendo poemas maravilhosos,ate a semana promete começar melhor.
Boa semana
Beijo
Bonito poema.
Abraço e uma boa semana
Gostei muito do texto :))
Bjos
Votos de uma óptima noite
Senti o longo abraço do cais enquanto espreitava as "ondas desgrenhadas, penteando-se nos rochedos em cabelos desfiados, enfeitados de búzios". Este poema narrativo e muito belo levou-me a lê-lo como se estivesse a ver o que escreveste… Fantástico, minha querida Amiga Manuela!
Uma boa semana.
Um beijo.
E a tua sensibilidade adivinha , mesmo através da vidraça, a conversa das ondas e o despentear dos seus cabelos. E o ardente burburinho e agitação do oceano, ao mesmo tempo que promovem uma revoada de pássaros do pensamento, trazem a certeza do que a alma e o coração desejam. Morar nas mornas areias , em um tépido ninho, talvez, quem sabe? em uma aldeia tranquila onde a menina dos vinhedos, alegre e sonhadora, plantou as sementes dos sonhos que um dia brotaram em forma de poesia.
Uma viagem ao subconsciente e a um tempo onde se vivia a lentidão das horas e os sabores dos abraços.
Um beijo e um afago, minha doce e meiga amigairmã Manu!
Ouve-se claramente
marés e dunas
quando em concha
colocas no cais
as mãos nos ouvidos
Como sempre gosto de a visitar
Bj
"E florescerão das brancas plantas dos corais,
a sede do beijo na lentidão do adeus,
no longo abraço do cais."
Extraordinário ambiente poético!
Deixo meu beijo amigo no meio dos corais.
Um poema com imagens brilhantes.
Nas despedidas do cais escorreram "camarinhas" e
as faces perladas continuam a saber
e sabem a desejo
por isso esperam da linha
o tempo da convergência dos astros
Beijo.
Poetizar muito forte e lindo Manuela.
O final é fantástico neste jogo de sentires.
Maravilha de construção da inspiração em poesia.
Carinhoso abraço na feliz semana.
Beijo amiga.
Um GRANDE poema...
Uma sucessão de imagens e analogias espetaculares.
Parabéns pelo talento e pelo bom gosto da imagem.
Abraço grande.
~~~~
tão bonito o que dizes!
neste extraordinário poema...
não há como fugir-lhe na sua vocação de beleza.
beijo, Manuela
grato
Mágico Poema dentro da floresta do mar
"(...)E florescerão das brancas plantas dos corais,
a sede do beijo na lentidão do adeus,
no longo abraço do cais."
Vivo e sentido.
Parabéns
Beijo
SOL
O longo abraço do cais prenuncia sempre um regresso, mas a qualidade dos seus poemas é sempre uma presença constante.
Juvenal Nunes
Saudações poéticas e natalícias - POEMA DE NATAL
Belíssimo poema
Beijinhos
Maria
Maravilhoso abraço poético, entre o verde e o mar!...
Que lindo, Manuela! Para ler e reler, tão belas analogias...
Beijinhos! Votos de uma feliz e inspirada semana!
Ana
"Ouve, não te ouço".
O horizonte esconde-se de mim
nas minhas lentes baças
Perco o sentido dos sentidos
mas mesmo assim senti
tangendo a corda
do magnífico poema
no movimento brando da porta
de entrada rangendo nos gonzos
Mas vim, somente, com o propósito de deixar um abraço natalício.
As maiores felicidades para a Manuela e estrelas adjacentes.
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