SEGUIDORES

quinta-feira, 26 de setembro de 2019

Que sabes tu?


 Volegov

Que sabes tu do cântico do leito dos rios
e das águas frescas na vertigem do calor ?
As margens são as varandas, onde no verão
poisam as libelinhas nos beirais dos choupos
em flor.
           
Vem, não te percas nos caminhos
colhendo o canto das cotovias
que correm de ramo em ramo,
louvando a luz do dia.

E quando chegares ao açude
compara  a desdita dos desventurados
com o sussurro   das cachoeiras,
rumorejando a alegria das
nascentes distantes,
que mesmo hoje no flagelo da guerra
correm frescas e cantantes como antes.


Manuela Barroso, in "Luminescências"


Livro disponível em:

http://www.sedaeditora.pt/loja/prod/manuela-barroso-manuela-barroso-luminescencias/9789895443246/


terça-feira, 17 de setembro de 2019

Cavalgando



Nos cabelos das ondas do vento
quando tudo já dorme em redor
abandono, solto o pensamento
cavalgo festas de prados e flores.

O ar seco sacode os meus olhos
do brilho cinza que neles se faz
nasce a alegria, todo o azul em folhos
na infância e inocência que ele me traz

E galopando caminho fora
sorvendo os cheiros que vêm da terra
bebo o orvalho destilado da serra.

Desço com calma deste meu corcel
percorro a babel que a vida encerra
e sinto-me flor neste mundo cruel


Manuela Barroso, in "Luminescências"


Para aquisição de livro:

http://www.sedaeditora.pt/loja/prod/manuela-barroso-manuela-barroso-luminescencias/9789895443246/




quarta-feira, 4 de setembro de 2019

Chamo-te



  

Chamo-te no timbre dos ventos, no som 
cavado das montanhas. Respondem-me
baladas de violinos no contrabaixo da serra.
Subo. Voo nas asas das aves emplumadas
de nuvens e arrasto o coro que sopra da terra
para os picos da serra.

Sou a gota sobrevoando os vales verdes, errante,
sou nascente e primavera,  sou voz que treme na
harpa, ecoando no sibilar límpido dos regatos.

Chamo-te no cântico sereno das cores onde a música
da vida se funde nos olhos das flores.
Rodeiam-me os anéis do tempo, num contínuo caminhar,
ora lento ora sonolento, mas insisto com a mão leve deste
sopro sedento.  

É noite na minha aurora, quero esperar pelo sol,
derreter a minha neve
ser água correndo lá fora.
E chamar-te-ei na liberdade do vento
na quietude que demora.

Sou a prisão do meu peito
na voz muda do pensamento.

Manuela Barroso-in “Luminescências”


Para adquirir o livro: