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terça-feira, 30 de abril de 2019

Deito-me


Deito-me na cama com os pardais e levanto-me com as penas das rolas.
Subo as escamas da noite e permaneço imóvel no estendal das nuvens.
Abraço os sulcos dos troncos e leio memórias de momentos que não vivi.
Os bicos das águias serão os barcos que me levarão ao areal da paisagem
que sonho e que não vi.
Semeio-me no chão sagrado do bosque, algures entre ervas e urzes e aí farei
o meu berço nos relâmpagos das folhas crivadas de luzes.
Repousarei dentro das raízes de embondeiros e levarei as palavras no musgo e
na seiva antes que a poeira me leve primeiro.
Depois, subirei as escadas do tempo para me esconder no ventre do vento.

Manuela Barroso




18 comentários:

Roselia Bezerra disse...

Boa noite de paz, querida amiga Manuela!
"Abraço os sulcos dos troncos e leio memórias de momentos que não vivi."

Este verso me tocou profundamente... assim é o abraço de alma ao que nos move em prol da profundidade do ser.
Tenha dias alegres!
Bjm carinhoso e fraterno de paz e bem

Larissa Santos disse...

Bom dia. A imagem e texto, sublime:))
Parabéns.

Bjos
Votos de uma óptima Terça - Feira

Ailime disse...

Boa tarde Manuela,
Um poema lindíssimo com metáforas muito belas!
Um beijinho.
Ailime

Elvira Carvalho disse...

Lindo, lindo, lindo.
Abraço e bom feriado

INTEGRAL DE MIM E DE MEU TEMPO ! disse...

Sim.... o poema também me tocou muito!!!
Que delícia ver-nos nos versos de outro poeta!!!

Toninho disse...

Momentos lindos em sua inspiração.
|Esconder no ventre do vento, é de uma beleza rara amiga.
Belo voo Manuela na sua arte mais do que bela.
Beijo amiga.

Majo Dutra disse...

Eu titularia «Um Viver Quimérico»...
Parabéns pela prodigiosa imaginação.
Beijos, querida Amiga.
~~~

Graça Pires disse...

"Semeio-me no chão sagrado do bosque". O teu bosque, Manuela… Muito belo!
Um bom dia da Mãe.
Um beijo,

Teresa Almeida disse...

Só nos bicos das águias posso desfrutar teu poema de musgo, penas e aromas.

E deixo cair pingos de saudade.

Meu beijo.

Zilani Célia disse...

OI MANUELA!
BELEZA DEMAIS AMIGA.
ABRÇS
http://zilanicelia.blogspot.com.bcr/

Lua Azul disse...

O ventre do vento abriga todo o sonhador...
Bjo

Emília Pinto disse...

Haverá sempre " paisagens que nunca vimos " e gostariamos de ver, há sempre momentos que sonhámos, mas não vivemos, mas há sempre a esperança de que, a cada amanhecer, o barco nos pegue e nos leve a outros lugares, com belas paisagens e momentos inesqueciveis.Abracemos esta esperança, semeemo-nos neste " chão sagrado " que nos foi dado e aproveitemos a beleza das " penas das rolas ", do chilrear dos pardais, das urzes, das florzinhas campestres e de todas as ervas desta terra, antes que um vento forte surja e a poeira por ele levantada " nos leve primeiro". Virá essa " poeira, " de certeza, e será o ventre da terra a esconder-nos, mas, entretanto descansemos na maciez das " nuvens " para amanhã, se o houver, vivermos novos momentos em novas paisagens. E assim vivi um momento bom , este que me proporcionaste com a tua bela poesia, como já é habitual; Obrigada, querida Manuela! Espero que estejam todos bem, aí em casa, principalmente com saúde. Um beijinho e boa noite
Emília

Agostinho disse...

Belíssimo o poema
Remete-me para um plano onde se plantaram
deuses e homens quiméricos
E eu, simples mortal, fico-me
a tentar as geometrias modeladas
na constante perfeita
do número de ouro
Percorro geografias magníficas de memória
maravilho-me na imaginação táctil das mãos

Beijo.

Mar Arável disse...

Quase tudo se conquista
Bj

Manuel Veiga disse...



Manuela, minha amiga

a força telúrica deste Poema é arrebatora. um turbilhão de imagens poéticas muito belas, a que é impossivel fugir - pelo contrário, o leitor é avidamente seduzido.

sou admirador confesso do teu "universo poético"

beijo,

Olinda Melo disse...


Um regresso às origens dos tempos, que trazem memórias
e sabores de passados que são nossos mas não vividos.

Querida Manuela, viajei nesse barco e encontrei sonhos
e paisagens que desejei mas que não achei.

Beijinhos

Olinda

Beatriz Bragança disse...

Minha muito querida amiga
Levantar-se «com as penas das rolas»! Mas que imagem tão «macia»! Tão convidativa! Tão sedutora!
Ao ler-te, tive a sensação de estar a viver um sonho lindo. Como é possível viver tudo isso ao deitar!
Tu semeias palavras que nos enchem a alma: bem hajas, minha grande poetisa, minha amiga irmã.
Continuação de um excelente semana.
Um beijinho
Beatriz

rosa-branca disse...

Querida amiga, um poema lindo que amei demais. Já tinha saudades de passar por aqui. Bom fim de semana. Beijinhos