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sábado, 1 de abril de 2017

São cordas...


 Jacek Yerka

São  cordas de violino as agulhas dos pinheiros.
Chorando,
são ecos de vozes 
tateando as fímbrias dos montes.
   .
A luz coa a acidez das 
sombras  no fogo das  resinas,
definhando os nervos da terra
que geme no refúgio das grutas .
Aí cantam os morcegos
na felicidade da cortina das teias.
 
Ninguém escutará a voz
encostada aos olhos das nascentes;
só o rosto do granito erguido
no moinho solitário do vale.

Amanhece. 
Uma chuva de sol
se espalha em delírio no orvalho das toupeiras
que rasgam a terra
em lábios verdes e floridos .

O pólen desce do campanário.

Mergulhando no chão,
outras flores virão,
fazendo dele um santuário.

 Manuela Barroso



6 comentários:

Elvira Carvalho disse...

Um belo poema, Manuela. O nascer de um novo dia, no esplendor da natureza.
Um abraço e bom Domingo

Majo Dutra disse...

Um poema telúrico, vibrante e veemente...
Gostei sobremaneira da tela, apesar da pintura surrealista
não ser o meu forte... Como seria bom se por cada chaminé
se plantasse uma árvore...
Vou enviar correio especial.
Beijinhos.
~~~~

Olinda Melo disse...


Esplendor e solidão.
A chuva de Sol, uma imagem
que aquece.
E a terra agradece a festa
de pólen que a povoará de
luz e cor.

Boa semana, cara Manuela.

Bj

Olinda

Ana Freire disse...

Um poema lindíssimo, onde transparece a serenidade e a força que emana da Natureza... com o seu incansável espírito de resiliência e renovação...
De maravilhosa leitura, como sempre!...
Beijinhos! Continuação de uma boa semana!
Ana

Palavras soltas disse...

Sob os pinheiros a natureza se refaz para nos encantar.

Belíssimo, Manuela.

Beijinho.

Odete Ferreira disse...

A erupção de vida que só quem tem a terra como mãe e como amigo (de D. Dinis) capta, é, neste poema, fome e alimento poético. Irmano-me neste belíssimo sentir, amiga!
Bjo :)